Paulo Guedes
Paulo Guedes tenta minimizar os comentários feitos por ele sobre a responsabilidade da China na pandemia – (Paulo Guedes (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Políticos foram às redes sociais nesta quarta-feira (28) para retrucar mais uma polêmica envolvendo o ex-super ministro do governo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, depois da acusação de que os chineses inventaram o vírus da Covid-19 e de que a vacina desenvolvida pelo país asiático é “menos efetiva” que a produzida nos Estados Unidos.

A declaração do ministro da Economia ocorreu na terça (27), durante reunião do Conselho de Saúde Complementar (CNS), na qual também estava presente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Após repercussão, Guedes voltou atrás, afirmando que referiu-se a uma “imagem infeliz” ao mencionar o tema.

O novo caso de xenofobia entre integrantes do Planalto não passou desapercebida. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), lamentou mais um capítulo desastroso envolvendo membros do Planalto.

“Mais uma declaração vil e desastrada de um ministro contra o povo chinês. Isso serve para lembrar que, não fosse a diplomacia do governador João Doria Jr e do Butantan, apoiados pelos demais governadores, não teríamos vacinas no Brasil. Pois quase 100% delas são parcerias com a China”, recordou Dino, citando o chefe do Executivo de São Paulo.

Membro da Comissão de Relações Exteriores na Casa, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) classificou como “inacreditável” a gafe ministerial.

“A China é o principal fornecedor de vacinas e insumos para o Brasil. Mais do que nunca a parceria com o país é necessária. É inaceitável que um ministro de governo fique fazendo afirmações mentirosas”, disse o senador, reforçando que Guedes deveria ser o principal porta voz do país.

“Viramos um hospício”

Mais cedo, a fala de Guedes já tinha despertado a reação também de nomes diretamente ligados ao país asiático.

Logo após a frase do ministro vir à tona, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), declarou que o comportamento inviabilizava a relação com o maior parceiro comercial brasileiro e ameaçava a importação de insumos para vacinas contra o coronavírus.

“Guedes vestiu a fantasia do Bolsonaro e rasga sua biografia para se manter no cargo”, disse Pinato ao portal Congresso em Foco. “É uma catástrofe. Viramos um hospício”, acrescentou o líder da frente formada por cerca de 270 deputados e senadores.

Lembrete da China

Em resposta ao governo, mas sem citar diretamente o nome do ministro da Economia, o embaixador da China do Brasil, Yang Wanming, também lembrou que os chineses são os principais fornecedores dos imunizantes ao Brasil.

“Até o momento, a China é o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial”, apontou.

Para tentar desanuviar a nova tensão gerada, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, reiterou a posição de “parceiro-chave” da nação.