Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro – (Foto: Reprodução)

O explosivo depoimento do presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 nessa quinta-feira (13) e a interrupção da produção da Coronavac por falta de insumos informada no mesmo dia pelo Instituto Butantan foram os detonadores perfeitos para um novo tsunami de críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

A confirmação de que o Brasil sonegou a compra de 1,5 milhão de doses de vacinas em dezembro do ano passado e ignorou outras cinco propostas feitas pela Pfizer entre agosto e novembro fecharam o cerco contra o presidente e seus asseclas, deixando em alerta o Planalto.

Ao longo do dia e durante a manhã desta sexta-feira (14), não faltaram manifestações públicas a favor do impeachment de Jair Bolsonaro e a imediata responsabilização dos integrantes do governo depois do país ultrapassar a macabra marca dos 430 mil mortos desde o início da pandemia.

Mais um crime de Bolsonaro

Fazendo uso da experiência jurídica como ex-juiz federal, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), recordou a previsão da Lei 8429/92.

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que… I – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; Por exemplo, NÃO COMPRAR VACINAS ESSENCIAIS em uma pandemia”, exemplificou o chefe do Executivo maranhense.

‘Quem ignorou é responsável pelas mortes’

Em uma série de tuítes, o secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano do Maranhão, Márcio Jerry, afirmou que “quem ignorou é responsável pelas mortes” registradas no Brasil.

“Quem ignorou é responsável pelas mortes e este ser abjeto e cruel tem nome: Jair Bolsonaro. 5 mil vidas poderiam ter sido salvas se apenas e tão somente Bolsonaro tivesse aceito a oferta inicial da Pfizer. 5 mil vidas!!!”, ressaltou o deputado licenciado, apontando cálculo feito a pedido do jornal Folha de S. Paulo pelo epidemiologista Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

Irresponsabilidade de Bolsonaro custa vidas

Mais cedo, em entrevista ao jornal O Imparcial, Jerry previu o aumento da rejeição ao presidente à medida que a CPI for comprovando o descaso do governo com a saúde pública. “Bolsonaro vai seguir derretendo na exata medida em que o povo vá cada vez mais percebendo que ele é responsável por milhares de mortes pela Covid-19. A irresponsabilidade dele está custando milhares de vidas”, declarou.

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) classificou como ‘revoltante’ o sentimento diante dos esclarecimentos da Pfizer. “É revoltante saber que o Brasil recebeu a oferta de 70 milhões de doses da Pfizer e que 1,5 milhão de brasileiros poderiam já ter sido vacinados em 2020. A informação do representante da Pfizer na CPI da Covid mostra que o governo demorou a agir. Muitas mortes poderiam ser evitadas”, reforçou.

“Quantas vidas poderiam ter sido salvas?”

Em um quase desabafo, o vice-presidente da CPI da Pandemia, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) questionou quantas vidas teriam sido salvas se o governo federal tivesse agido com responsabilidade. “Quantas mães, pais, tios, tias, avós, avôs, irmãs, primos, amigos, maridos, esposas, vizinhos teriam sido salvos pelas 18 MILHÕES de doses que já teriam sido aplicadas caso o governo tivesse aceitado a oferta da PFIZER em agosto de 2020?”, indagou.

Integrante da Comissão, o senador Humberto Costa (PT-PE) seguiu o raciocínio de Randolfe. “Bolsonaro levou quase um ano, um ano, para assinar contrato com a Pfizer. As tratativas para a compra de 100 milhões de doses começaram em maio de 2020, mas só em março deste ano o contrato foi fechado. Quantas vidas poderiam ter sido salvas caso não tivesse havido negligência?”.