Em abril deste ano, o D98 mostrou que o senador Roberto Rocha, aliado de Weverton, acabou relacionado em um escândalo de desvio de recursos federais da Codevasf por indicar politicamente para vagas na empresa envolvidos no esquema.
Através de licitações afrouxadas, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) tem sido um dos principais instrumentos para escoar emendas parlamentares no governo Bolsonaro.
Em um esquema de troca-troca, o governo Bolsonaro entregou a estatal ao Centrão em troca de apoio político, o que aumentou os contratos na gestão Bolsonaro e expandiu seu foco e sua área de atuação.
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A verba das emendas é distribuída a deputados e senadores com base em critérios políticos e que dão sustentação ao governo no Congresso. Esse fluxo de verbas e obras ocorre por meio de uma manobra licitatória que deixa em segundo plano o planejamento, a qualidade e a fiscalização, abrindo margem para serviços precários, desvios, superfaturamentos e corrupção.
No Maranhão, o senador Roberto Rocha tem longo histórico de influência na empresa. Recentemente, Antônio Rosendo Neto Júnior, que se tornou diretor da Área de Desenvolvimento e Infraestrutura da estatal graças à indicação do senador, foi citado como um dos integrantes da Lista do Bolsolão pelo site O Antagonista.
Quando Rosendo foi empossado no cargo na Codevasf, em junho de 2020, Roberto Rocha escreveu em sua conta no Instagram que ele era “meu amigo e compadre”. Rocha disse que a AD se tratava da “mais importante diretoria da Codevasf”.
De acordo com reportagem do Estadão, cerca de R$ 3 bilhões em emendas extras foram liberadas pelo governo federal e usadas na compra de apoio político. O dinheiro saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), órgão que controla a Codevasf e foi destinado à aquisição de tratores e equipamentos agrícolas.
Roberto Rocha vira alvo de investigação
Em abril, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu o senador maranhense Roberto Rocha (PTB) entre os alvos de um inquérito para investigar políticos sob a suspeita de envolvimento no desvio de verbas de emendas parlamentares no Maranhão.
Os investigadores analisaram trocas de mensagem via WhatsApp. Nos diálogos, um dos suspeitos enviou tabelas e anotações com valores, nomes de pessoas e de municípios maranhenses. Um dos nomes que apareceram no material foi o do corregedor do Senado.