A pesquisa Luneta, divulgada em maio de 2025, lança luz sobre uma das apostas mais questionadas do cenário político maranhense: a tentativa de viabilização da candidatura de Orleans Brandão ao governo do Estado. Os dados apontam que 33,13% dos eleitores afirmam que não votariam nele de jeito nenhum. Somado a isso, 39,59% dizem que não o conhecem o suficiente para opinar. Esse conjunto de números indica não apenas um nome pouco competitivo, mas um projeto com enorme dificuldade de se comunicar com o eleitorado.

Na pergunta espontânea — aquela em que o eleitor cita espontaneamente um nome sem ver lista de candidatos — Orleans Brandão sequer atinge 1% das menções. Essa baixa lembrança evidencia o que os demais números já indicam: o nome não está consolidado, não mobiliza apoio popular e não desperta reconhecimento fora dos círculos políticos.

No cenário estimulado, Orleans aparece com apenas 3,40% das intenções de voto. Tem rejeição alta, baixíssimo nível de certeza de voto (só 3,10% votariam com certeza) e desempenho estagnado, mesmo com a máquina estadual ao seu redor. Não há qualquer tendência de crescimento ou entusiasmo perceptível em torno da sua candidatura.

Mais do que um problema de campanha, os números apontam para uma questão de concepção política. A população já demonstrou, com clareza, que não quer continuidade. Segundo a mesma pesquisa, 63,41% dos maranhenses dizem preferir uma mudança total na forma de governar o Estado. Apostar em Orleans, nesse contexto, representa ir na contramão do sentimento majoritário do eleitorado.

A tentativa de projetá-lo como herdeiro político de Carlos Brandão — sendo seu sobrinho — também não tem gerado efeito positivo. Pelo contrário: reforça a leitura de que se trata de uma candidatura construída por laços familiares, e não por trajetória própria. Em tempos de desgaste com práticas políticas patrimonialistas, esse tipo de associação cobra um preço alto. O “sobrinismo” não parece mobilizar — parece afastar.

Mesmo entre os eleitores que dizem aprovar o governo atual, a candidatura de Orleans não se destaca. A rejeição à ideia de continuidade, somada à baixa viabilidade do nome, sugere que insistir nessa candidatura pode ser um erro estratégico de grandes proporções. Em um cenário polarizado, com a oposição se consolidando e o nome de Eduardo Braide liderando com folga todos os levantamentos, a base governista não pode se dar ao luxo de investir em nomes sem tração popular.

A política exige leitura de cenário, escuta atenta e capacidade de adaptação. Os números estão colocados, e a conclusão é clara: Orleans Brandão não tem força para liderar um projeto competitivo em 2026. Insistir nessa candidatura é insistir em um projeto que já nasceu com dificuldades — e que pode comprometer não apenas a disputa estadual, mas o próprio equilíbrio político do campo governista.