Com a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, a disputa pelos comandos das comissões mais importantes da Casa já começou e promete esquentar nas próximas semanas. Os principais embates envolvem o PL e o PT, que tentam garantir espaço e, ao mesmo tempo, impedir que o outro avance em frentes estratégicas.

A definição sobre quem comandará cada comissão cabe ao novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele deve seguir os acordos feitos ainda na gestão de Arthur Lira (PP-AL), mas, como sempre, há movimentações nos bastidores para alterar os planos. A expectativa é que as comissões só comecem a funcionar depois do Carnaval.

Por enquanto, três comissões já têm seus presidentes definidos:

  • Viação e Transportes – Maurício Neves (PP-SP);
  • Turismo – Laura Carneiro (PSD-RJ);
  • Minas e Energia – Diego Andrade (PSD-MG).

CCJ e Orçamento: as joias da coroa

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) é a mais importante da Câmara, pois decide se propostas de lei e emendas à Constituição podem avançar. Seu comando ainda não foi definido, mas, pelo acordo vigente, a presidência deveria ficar com o União Brasil ou o MDB.

O problema é que o PL, que ocupou a CCJ em 2024 com Carolina de Toni (PL-SC), não quer largar o osso. O partido de Jair Bolsonaro quer manter o controle e já indicou que pode bater de frente para isso.

Além disso, a relatoria do Orçamento da União, que define como o governo pode gastar seu dinheiro, também está em disputa. União Brasil e MDB tentam garantir essa vaga, que é crucial para negociações políticas.

PL e PT: uma batalha por influência

Os dois principais partidos da Câmara, PL e PT, estão disputando algumas das comissões mais relevantes. O PL tem interesse nas comissões de Saúde, Relações Exteriores e Defesa Nacional, Segurança Pública e Educação.

Na Comissão de Defesa Nacional, um dos nomes cotados é Eduardo Bolsonaro (PL-SP). No entanto, sua indicação enfrenta resistência do PT e do PSDB, que tentam barrá-lo com a candidatura de Beto Richa (PSDB-PR). O PSDB tem tradição nessa comissão e não quer abrir mão do espaço.

Já na Comissão de Educação, o PT busca evitar que a direita continue no comando. Atualmente, a presidência é de Nikolas Ferreira (PL-MG), e a comissão deve ganhar mais relevância este ano por causa do programa Pé-de-Meia – um auxílio financeiro para estudantes do ensino médio. O Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou R$ 6 bilhões do programa, e o Congresso terá que discutir o tema em breve.

A briga pela Saúde

A Comissão de Saúde também está no centro da disputa. Com a nova lei que obriga metade das emendas parlamentares a serem destinadas à área, essa comissão se tornou ainda mais valiosa. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já avisou que essa é uma das prioridades do partido.

Apesar do interesse, o PL tem evitado anunciar oficialmente seus candidatos, aguardando o desenrolar das negociações depois do Carnaval. O partido sabe que a disputa será difícil, especialmente porque o PT também quer essa comissão.

União Brasil ainda indeciso

Mesmo sendo um dos favoritos para assumir a CCJC, o União Brasil ainda não bateu o martelo sobre o tema. O partido terá uma reunião na terça-feira (11) para definir sua estratégia e decidir quais comissões irá disputar.

A definição das presidências das comissões será o primeiro grande teste para o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, e pode dar sinais importantes sobre o rumo do Congresso nos próximos meses.