A eleição para definir o novo líder da União Brasil na Câmara dos Deputados foi adiada para 2 de fevereiro de 2025, em meio a tensões internas e falta de consenso entre os integrantes da sigla. O deputado maranhense Pedro Lucas Fernandes desponta como um dos principais candidatos ao cargo, com o apoio do presidente nacional do partido, Antônio Rueda, e de deputados do antigo PSL. Fernandes é visto como uma figura pragmática, capaz de conciliar as demandas da ala governista e oposicionista do partido.

A crise no partido se intensificou após a deflagração da operação Overclean, que apura um esquema bilionário de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos envolvendo prefeituras e o empresário Marcos Moura, membro do diretório nacional da legenda. Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, mantém proximidade com figuras de peso do partido, como o presidente Antônio Rueda e o vice-presidente nacional, ACM Neto. A operação abalou as estruturas da sigla e ampliou as divisões internas, com resultados diretos na escolha do novo líder.

Pedro Lucas Fernandes foi descrito como um deputado acessível e focado no diálogo. “Hoje, a União Brasil tem uma grande responsabilidade no cenário político. Precisamos de alguém que ouça todos os lados e tenha habilidade para buscar soluções conjuntas”, afirmou um dos seus aliados durante a reunião.

A disputa pela carga, entretanto, não tem sido fácil. Mendonça Filho (PE) mantém forte apoio entre deputados que defendem uma oposição mais firme ao governo Lula, enquanto Damião Feliciano (PB) é visto como um nome que agrada à ala mais governista da legenda.

Em tom de apaziguamento, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, destacou as qualidades dos três candidatos. — Todos os três têm seguidores, eleitores e companheiros nesse processo. Nem Jesus Cristo vai agradar todo mundo. É normal. Hoje temos um dos maiores partidos do Brasil. Temos uma parte à esquerda, uma à direita. Temos que se unir para que o dia seguinte a escolha, seja ela qual for.

Pedro Lucas, busca adotar um discurso de unidade. “Sabemos que a União Brasil tem uma diversidade que reflete o Brasil. Nosso papel é transformar essa diversidade em força para atender os anseios da população e contribuir com o fortalecimento da democracia. Estou pronto para ouvir e trabalhar com todos os colegas, independente de posição ideológica.”

O adiamento foi decidido para evitar um racha no partido, que enfrenta turbulências desde o impacto da operação Overclean, envolvendo fraudes em licitações e nomes próximos à cúpula da legenda.