Guedes e Bolsonaro real
Pelos cálculos da Tullett Prebon Brasil, a perda será de 1,7%. Isso, se a inflação não acelerar mais do que o previsto pelo mercado

Que o Brasil piorou nos últimos três anos e meio de governo Bolsonaro não é mais novidade. Da proteção das florestas aos reiterados ataques às bases da democracia há exemplos à rodo da real escalada de fatos que a campanha bolsonarista não poderá esconder. Este governo foi, precisamente, pior para os mais pobres.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai encerrar seu mandato em dezembro de 2022 como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo com valor menor do que quando entrou, segundo cálculo feito pela Tullett Prebon Brasil e divulgado pelo jornal O Globo nesta segunda-feira (9). Neste período, nenhum governante — seja no primeiro ou segundo mandato — deixou um salário mínimo que tivesse perdido poder de compra.

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Pelos cálculos da corretora, o piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022, descontada a inflação.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, por vezes prometeu que a economia estava bombando, mas o que bombou mesmo foi o poder de compra da população, que hoje têm sacolas mais vazias quando vai ao supermercado.

O Brasil só não piorou para Bolsonaro e sua família. Vale lembrar que o filho 01, Flávio Bolsonaro, adquiriu ano passado mansão em Brasília no valor de R$ 6 milhões, parte paga em dinheiro vivo.

Dois fatores explicam a perda inédita do poder de compra do brasileiro. Um deles é o ajuste fiscal, pelo peso do salário mínimo na indexação do Orçamento da União, ou seja, reajustes no piso têm impacto em uma gama de outras despesas, como benefícios sociais e gastos com Previdência. O segundo é a aceleração da inflação.

De 2012 para 2022, os preços dos alimentos explodiram de forma vertiginosa enquanto o poder de compra dos brasileiros se reduziu drasticamente.

Para ter uma ideia, em 2012, quando o salário mínimo era de R$ 620, uma compra no supermercado ficava em torno de R$ 200, portanto, representava 32% deste salário. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1212, 30% deste salário representa R$ 363,60 – o que hoje em dia não é suficiente para fazer uma “compra do mês”, conforme relatam inúmeros consumidores.

Como a tendência daqui pra frente é que a inflação aperte um pouco mais, os números finais da trágica gestão militar-bolsonarista será ainda maior. Vai ter que ter muita cortina de fumaça para esconder o Brasil real da população.