O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), abriu sua participação na reunião desta terça-feira (14) com duras críticas ao governo federal. O congressista lembrou que a comissão faz sua 53ª reunião e, durante quase cinco meses, “não se intimidou diante de ameaças e bravatas” e cumpriu seu papel com resultados relevantes no combate à pandemia de covid-19 e na investigação sobre as ações e omissões do governo.
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Conforme Renan, a CPI contribuiu em várias frentes, entre elas para a aceleração da vacinação no país e para derrubar narrativas anticientíficas, como da chamada imunidade de rebanho e do “tratamento precoce”.
— A ênfase dada pela comissão de inquérito permitiu que essa falsa abordagem fosse desmoralizada, a ponto de o ministro da Saúde admitir que cloroquina e ivermectina são ineficazes contra a doença. Isso ajudou as pessoas a aderirem a imunização, em caminho contrário ao que disse o presidente Jair Bolsonaro, em janeiro, de que metade da população não tomaria vacina — disse o senador.
CPI e as negociatas
Ainda segundo o relator, a CPI da Pandemia ajudou a afastar do governo negociatas e seus operadores em esquemas de compras de vacinas. Diante disso, o Ministério da Saúde teve que suspender contratos suspeitos e se voltar a produtores de credibilidade.
Apesar disso, acrescentou Renan Calheiros, a CPI não tem meios de evitar a continuidade da incompetência do governo federal, que resultou em nova falta de vacinas para a segunda dose da AstraZeneca. Deste modo, estados, como o de São Paulo, têm sido forçados a buscar na Justiça as doses de vacina que faltam.
— Falta de planejamento, seriedade e cumprimento de calendário está continuando. Diante desses problemas, secretários de Saúde se preparam para aplicar segunda dose com a Pfizer, tão negligenciada pelo Ministério da Saúde e cujas doses foram compradas depois da instalação desta CPI — completou.
Sócio Oculto
A CPI se reuniu nesta terça para ouvir o advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva, dono da Rede Brasil de Televisão, suspeito de ser um sócio oculto da empresa FIB Bank, que teria fornecido à Precisa Medicamentos uma garantia no fechamento do contrato da vacina indiana Covaxin com o Ministério da Saúde.
Assim como outras testemunhas, Tolentino chegou ao colegiado protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe deu o direito de permanecer em silêncio em caso de perguntas que possam incriminá-lo.
Tolentino disse que jamais representou a Precisa ou fez negócios com a empresa; negou ser sócio da FIB Bank e admitiu conhecer o líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), “há muitos anos”, informando manter apenas relação de amizade com o parlamentar.