Roberto Rocha saudando o gado bolsonarista na Praça Maria Aragão. Foto: Reprodução

O senador Roberto Rocha, essa espécie de político-rêmora que anda se grudando e se alimentando das sobras do presidente Bolsonaro, escreveu em suas redes sociais que a médica Maria Aragão teria apoiado o comunismo porque fumou maconha estragada.

O post fazia referência aos atos antidemocráticos do dia 7 de setembro em São Luís e ao discurso que fez ao final da motociata na praça que leva o nome da ginecologista maranhense, no centro da cidade.

Escreveu e horas e horas depois, com a repercussão fora da bolha bolsonarista, apaga o trecho da maconha.

Apaga sem pedir desculpas. Apaga sem deixar rastro e nenhum vestígio de vergonha na cara. Pensava. Antes, porém o blog já havia feito o print.

Veja.

De imediato, alguns comentários pediram respeito a Maria Aragão, mas a maioria aplaudia o ignóbil senador.

A repercussão negativa ganhou corpo logo no início da manhã deste dia 8, aniversário de São Luís, com a publicação do destempero amoral de Rocha em blogs.

Não deu outra. Apagou o trecho da maconha estragada.

Veja.

Não pediu desculpas para não se revelar frouxo frente ao gado que lhe admira. E por não ter coragem, nem dignidade de admitir publicamente que agrediu a memória de Maria Aragão.

Mulher negra, de berço pobre que superou a fome e o preconceito em pleno início do século passado. Se formou em Medicina no Rio de Janeiro. Dedicou sua vida à defesa da liberdade, das mulheres, dos trabalhadores. Defendeu sem ódio, mas com firmeza, uma sociedade mais justa e igualitária.

Maria Aragão enfrentou as oligarquias políticas. Esteve ao lado de Luís Carlos Prestes.  Comunista, foi presa e perseguida pelo regime militar.

Ela não é uma deusa, um mito. Foi uma mulher, um ser humano com todos seus erros e defeitos. Mas uma mulher que nunca arredou um milímetro sequer, mesmo sob as baionetas de um regime sanguinário. O mesmo que agora Roberto Rocha venera.

Maria Aragão é reconhecida nacionalmente por sua bravura.

O jornalista Euclides Moreira Neto observa no livro ‘Maria por Maria ou a saga da besta-fera nos porões do cárcere e da ditadura’, onde reúne dezenas de entrevistas com Maria Aragão, que a palavra ‘porra’ era doce na boca de Maria Aragão. “Fluía normalmente para expressar alegria, descontentamento, lamento, etc”.

Era como ouvir estas expressões, lembra o jornalista:

        – Porra, como estais bela…

        – Porra, como estais atrasada…

        – Porra, como estais gordo…”.

Hoje, se viva estivesse, diria:

– Porra, Roberto, maconha estragada não provoca nada…é só mato velho. Vê se se cuida, menino…Da próxima vez, diz pelo menos que fumei a maconha da boa!

Porrrrrrrrrrraaa!