De acordo com documentos enviados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, em setembro de 2020, a consultoria jurídica do Ministério da Saúde foi solicitada a se manifestar acerca do consórcio Covax Facility e afirmou que o fato de a documentação estar em inglês complicou a análise porque os servidores não tinham conhecimento suficiente de tal língua estrangeira a ponto de emitir manifestação conclusiva. A informação é da Folha de São Paulo.
A Covax Facility é um consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS), estruturado para distribuir imunizantes contra Covid-19 para países com menos poder aquisitivo. O Brasil adotou a cota mínima de doses, 42,5 milhões, o suficiente para imunizar cerca de 10% da população.
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Ainda no documento, o consultor do Ministério da Saúde alegou a impossibilidade de indicar os riscos e requisitos para adesão em um curto espaço de tempo. Os documentos chegaram no dia 24 de setembro com prazo de resposta para o dia seguinte. O responsável jurídico ainda apontou uma série de riscos, mas concluiu que a adesão estaria autorizada pelas medidas provisórias editadas pelo governo de Jair Bolsonaro dias antes.
O Brasil só aderiu ao consórcio em março de 2021. Na ocasião, o parecer do Ministério da Saúde justificou a decisão de pedir o mínimo possível de doses no consórcio Covax Facility, cobrindo apenas 10% da população, com a argumentação de que a vacinação deveria se voltar aos “grupos de risco”. O documento, da Secretaria Executiva do órgão, alega que não seria necessário vacinar toda a população.