Em mais um apelo para contornar outro capítulo da crise diplomática deflagrada por Jair Bolsonaro (sem partido) com a China, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou nesta terça-feira (11) que é “urgente” um gesto do presidente para reverter a situação e garantir a continuidade da produção de vacinas contra a Covid-19 no Brasil.
“É urgente que o presidente do Brasil telefone para o presidente da China a fim de destravar os insumos para que o Butantan produza mais vacinas. Cada dia de demora custa milhares de vidas. Chega de falar bobagens e de negligência”, escreveu Dino em suas redes sociais.
A revolta do governador foi compartilhada pelo secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano do Maranhão, o deputado federal licenciado Márcio Jerry (PCdoB). “Terrivelmente indignante: presidente da República boicotando vacina para o povo que finge governar. Depois se chateia de ser chamado daquilo que de fato é: genocida!”, declarou.
Preocupação do Conass
A fala de Dino reforça uma preocupação já externalizada pelo secretário de Saúde e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Eduardo Lula, durante entrevista à CNN Brasil na segunda-feira.
Com falta de doses já identificadas em ao menos 12 capitais, Lula apontou que a tendência é de que o quadro se agrave ainda mais nos próximos meses.
Ataques à China
A maior preocupação se dá em relação aos atrasos na exportação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), principal insumo para a produção das vacinas Coronavac e de Oxford/AstraZeneca. Segundo ele, as falas do presidente sobre a China, na semana passada, causaram “muita preocupação”, já que o país é “o principal fornecedor de insumos para os imunizantes.”
No último dia 5 de maio, durante fala em um evento em Brasília, o presidente sugeriu que a China teria se beneficiado economicamente da pandemia e insinuou que a Covid-19 teria sido criada em laboratório como arma para uma possível guerra biológica.
Insumos para o Butantan
Na quinta-feira (6), a direção do Instituto Butantan afirmou que as declarações de Bolsonaro afetaram a liberação de insumos pelas autoridades do país para continuidade da produção da Coronavac.
“Pode faltar [insumos]? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal que tem remado contra. Essa é a grande conclusão”, disse Dimas Covas, diretor do Butantan.
Covas acrescentou que até dia 14 há compromisso de entrega de vacina, de um lote que totaliza 5 milhões de doses, e que depois disso não haverá mais matéria-prima para processar.