Rubens JR
Rubens defende que escolha do candidato à sucessão de Dino seja quem melhor represente a continuidade das políticas públicas no Maranhão. Foto: Richard Silva

Em entrevista o deputado federal maranhense Rubens Pereira Jr. (PCdoB) defende que a base do governo Flávio Dino (PSB) concentre forças em torno de apenas um candidato para a eleição de 2022 ao Governo do Maranhão. Para ele, o candidato único do Dinismo tem que ser o atual vice-governador Carlos Brandão (PSDB).

O deputado também acredita que no Maranhão não há espaço para uma terceira via e que um eventual candidato bolsonarista no estado não logrará êxito. “Hoje o cidadão não está preocupado com a eleição nacional. Ele está preocupado com o preço da carne, do combustível, da luz, do desemprego, da inflação. Então não há como o Bolsonaro esconder as trapalhadas do governo dele. Ele faz muita confusão para esconder a ausência de gestão no governo federal”, afirma.

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Rubens Júnior é advogado, mestre em Direito Constitucional e atuou nos últimos anos como secretário de Articulação Política do Governo do Maranhão. Neste ano, voltou ao mandato de deputado federal conquistado em 2018, ocupando uma vaga na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara.

Diário 98 – O governador Flávio Dino anunciou que fará uma reunião com os partidos até o final deste mês. Está na hora de definir o candidato a governador do Dinismo?

Eu penso que sim. Esta é uma reunião de praxe. Flávio constantemente fez reuniões com os partidos desta forma. Não é novidade para essa eleição, nas outras nós também fizemos. E o desafio é justamente, numa mesa de diálogo, com os partidos, fazer a decisão daquilo que é melhor para o povo. Então eu penso que chegou o momento de a gente começar a definir, começar as definições.

Em 2020 a base do governo lançou vários candidatos em São Luís. O senhor foi um destes candidatos do “consórcio”. Esse é um caminho que pode ser repetido em 2022?

Peremptoriamente não. Nós temos que definir já, apenas um candidato da base. Nós não podemos repetir o erro de 2020, tanto de múltiplas candidaturas quanto de decisão tardia do candidato. Tenho certeza de que, a partir do momento que o governador Flávio Dino apontar as suas preferências, esse candidato percorre o Maranhão com outro tamanho político e passa a ser o favorito para a eleição do ano que vem.

Ainda é possível a unidade da base governista e o lançamento de um candidato único à sucessão estadual?

Eu torço e trabalho por isso, que nós deixemos os projetos pessoais de lado e pensemos em garantir a continuidade desse grupo político que vem transformando o Maranhão. A decisão do candidato a governador não deve ser uma decisão apenas entre os políticos. O mais importante é que seja uma visão para o povo.

O que mais me preocupa é garantir a continuidade das ações do governo Flávio Dino. Eu quero mais Escolas Dignas, eu quero mais hospitais regionais, eu quero mais asfalto, mais renda. Eu quero um Estado que venha de fato melhorando todos os indicadores.

O senhor tem declarado apoio à reeleição do vice-governador, que assume o governo em abril, após o governador Flávio Dino sair para candidatar-se ao Senado. Por que o Brandão?

Na verdade, eu sigo a orientação do governador Flávio Dino, e sigo a orientação do meu partido, o PCdoB. Mas dentro do meu partido eu defenderei o apoio pelo Brandão.

O vice-governador Carlos Brandão foi um vice-governador atuante. Ele ajuda na execução de todos os programas em andamento. Falo isso por ter sido secretário de Estado, então ele acompanhava a execução de absolutamente tudo. Com ele fica ainda mais fácil de dar continuidade nas ações. Ele tem experiência administrativa, já foi secretário de Estado por diversas vezes, dois mandatos de deputado federal. Tem uma lealdade ferrenha ao governador Flávio Dino e a este projeto de mudança; tem a ficha limpa, que é um indicador também importante.

Serviu muito bem para ser vice-governador durante todo esse período de todo o grupo. Então não tenho dúvida de que ele terá condições. Hoje é quem reúne as melhores condições para garantir a continuidade das mudanças iniciadas pelo governador Flávio Dino.

A eleição nacional caminha para uma polarização entre Bolsonaro e Lula. Essa polarização na visão do senhor irá se reproduzir no Maranhão? O senhor acredita que há espaço para uma terceira via no estado?

Não há espaço. Bolsonaro não se cria no Maranhão. O que atenta contra ele é a realidade. Ele continua com uma máquina de comunicação muito forte. Ele tem um eleitorado muito fiel, mas que não é algo que o garanta sequer hoje, tranquilamente, no segundo turno.

Então por mais que a comunicação dele funcione bem a realidade joga a aprovação dele lá para baixo. Hoje o cidadão não está preocupado com a eleição nacional. Ele está preocupado com o preço da carne, do combustível, da luz, do desemprego, da inflação. Então não há como o Bolsonaro esconder as trapalhadas do governo dele. Ele faz muita confusão para esconder a ausência de gestão no governo federal.

O bolsonarismo ataca ferozmente a transição democrática e a Constituição de 88. Se posiciona como um inimigo da Nova República. Flávio Dino já apoiou Baleia Rossi do MDB para a presidência da Câmara. É possível uma Frente Democrática no Maranhão aproximando forças aparentemente antagônicas, como PT, PSDB, PSB, PCdoB e MDB? Que sinal esse tipo de aliança iria emitir no Brasil?

O nosso desafio que é a eleição do ano que vem seja todos contra Bolsonaro. Não é uma eleição entre direita e esquerda, não é uma eleição em que tem dois projetos políticos antagônicos apenas. Vai muito além. É uma eleição da civilização versus a barbárie. Da ciência versus o negacionismo. Daqueles que defendem a vida versus daqueles que comemoram as mortes.

Então acredito que deve ser uma frente ampla. Se a esquerda ficar num gueto repete o resultado eleitoral de 2018, portanto ela tem que ser ampla. Em vários momentos conseguimos essa amplitude, inclusive aqui na Câmara dos Deputados. Várias pautas a gente consegue derrotar o governo Bolsonaro justamente fazendo amplas alianças.

O Maranhão há tempos vem mostrando isso, que a gente tem que discutir menos essa questão partidária por si só e discutir mais construções políticas que coloquem o povo como sujeito principal do processo eleitoral.