Bolsonaro Trump China
Bolsonaro entrega uma camisa da seleção brasileira a Trump na Casa Branca – (Foto: Kevin Lamarque/ Reuters)

Nesta quinta-feira (6), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou a postura de Jair Bolsonaro (sem partido) e os recorrentes ataques do presidente e representantes do Planalto à China, o maior parceiro comercial do Brasil e o principal fornecedor de matéria-prima para vacinas contra a Covid-19.

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Irônico, o chefe do Executivo estadual também questionou se o ex-capitão do Exército aceitou a derrota de seu principal ídolo, o ex-presidente americano Donald Trump, ou se permanecerá subserviente ao ex-chefe da Casa Branca.  

“Qual a lógica do presidente do Brasil atacar a nação chinesa reiteradamente, como fez ontem de modo vil? Antes era para agradar Trump, com a diplomacia do ‘I love you’. Será que ele já sabe que Trump perdeu a eleição nos Estados Unidos e que tal eleição não será anulada?”, indagou Dino, recordando a fatídica declaração de Bolsonaro a Trump.

Mais um ataque à China

Na manhã dessa quarta-feira, em uma nova insinuação contra o país asiático, Bolsonaro levantou a possibilidade do coronavírus ter sido criado em laboratório como instrumento de uma possível guerra biológica.

“É um vírus novo, ninguém sabe se de laboratório ou nasceu porque algum humano comeu animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que a guerra é química, bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”‘, insinuou o presidente.

Colhendo que plantou?

Embora no fim do dia tenha negado qualquer menção direta à China, a fala do chefe de Estado brasileiro trouxe consequências diretas ao Brasil.

Nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, rebateu as acusações do mandatário brasileiro e afirmou que seu país ‘se opõe firmemente a qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus’.

Wenbin ainda fez um apelo e afirmou que ‘o vírus é o inimigo comum da humanidade’. “A tarefa urgente agora é que todos os países se unam na cooperação antiepidêmica e se esforcem por uma vitória rápida e completa sobre a epidemia”, afirmou.

‘Grave doença mental’ de Bolsonaro

Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) reagiu à fala presidencial e afirmou que Bolsonaro tem uma “grave doença mental que o faz confundir realidade com ficção”.

Já o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, declarou preocupação com a liberação de insumos para os imunizantes após o novo capítulo da crise diplomática gerada por Bolsonaro.

Redução dos insumos pela China

Covas afirmou que a próxima liberação de insumos teve a data de autorização adiada e o volume inicial, que seria de 6 mil litros, foi reduzido para 2 mil litros. Para Covas, as mudanças não são da produção da Sinovac e, sim, determinadas pelas autorizações das autoridades chinesas, como efeito da saia-justa criada pelo presidente.

“Todas as declarações neste sentido têm repercussão. Nós já tivemos um grande problema no começo do ano e estamos enfrentando de novo esse problema”, disse Dimas Covas, diretor do Butantan. “Embora a embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, mas a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria habitual e com autorizações muito reduzidas.”