Mandetta
O ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, depôs nesta terça (4) em sessão da CPI no Senado. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O primeiro dia de depoimentos dos ex-ministros da Saúde do governo Bolsonaro durante a pandemia, inaugurado por Henrique Mandetta (DEM), elevou a preocupação no Palácio do Planalto sobre o desfecho que pode ocorrer na CPI da Pandemia.

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Médico de formação e o primeiro a depor, Mandetta fez questão de delinear que suas decisões estiveram alinhadas com a ciência. Ele deixou o cargo de ministro em abril do ano passado, após Bolsonaro discordar de suas manifestações a favor do distanciamento social.

Todas as recomendações, as fiz com base na ciência, vida e proteção. As fiz em público, todas as manifestações de orientação dos boletins. As fiz nos conselhos de ministros, as fiz diretamente ao presidente, as fiz diretamente a todos os secretários estaduais, todos os secretários municipais, a todos aqueles que de alguma maneira tinham no seu escopo que se manifestar sobre o assunto sempre“, disse.

O ex-ministro afirmou ainda que alertou “sistematicamente” Bolsonaro sobre o “perigo” de tomar decisões na contramão das recomendações médicas para o controle da pandemia do novo coronavírus, como o uso de máscara e o isolamento social.

Sim, sim. Houve discordância (nas políticas de isolamento), disse Mandetta.

Então as enfrentei (as opiniões do presidente) e coloquei a todos com muito respeito. Nunca tive discussão áspera, mas sempre coloquei ao presidente, ao líder do governo, ao Senado, solicitei apoio de entidades que o isolamento era importante, afirmou.

Mandetta sobre cloroquina

Questionado se o Ministério da Saúde recomendou o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para tratar o coronavírus e amplamente divulgado por Bolsonaro, Mandetta explicou ao governo Bolsonaro sobre os riscos de incentivar o ‘tratamento precoce’. O Governo induziu conscientemente o uso de remédios não confirmados cientificamente contra Covid, afirmou.

Carluxo era conselheiro de Bolsonaro na gestão da pandemia

Mandetta afirmou ainda que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, participava da reuniões ministeriais em que eram debatidas as ações de enfrentamento ao coronavírus.

“O vereador Carlos Bolsonaro estava sempre atrás do presidente. E tinham constantemente reuniões com estes grupos da presidência. O ministro da Saúde é convocado para conversar. Ele é chamado para prestar suas explicações sobre o combate à pandemia”, disse Mandetta.

Depoimento de Pazuello reagendado

O depoimento de Eduardo Pazuello para a CPI da Pandemia foi reagendado para o dia 19 de maio. O depoimento estava inicialmente programado para amanhã, 05 de maio, mas foi desmarcado após o ex-ministro alegar que teve contato com assessores que teriam adquirido a Covid-19.

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Segundo revelou a jornalista Malu Gaspar, no O Globo, Pazuello já planejava não comparecer à CPI desde o final de semana, quando participou de um treinamento para alinhar o depoimento que aconteceria amanhã. A jornalista relata que, quem estava com ele o viu tenso, que temia ser preso.

Eliziane Gama critica ausência de Pazuello

A senadora pelo Cidadania do Maranhão, Eliziane Gama criticou ausência de Pazuello e relembrou que ex-ministro foi flagrado num shopping durante o fim de semana passeando sem máscara.

Anda sem máscara e não pode vir à CPI”, alfinetou a senadora, pedindo a palavra. “Presidente Omar (Aziz), só lembrando exatamente isso, né? Vai sem máscara pro shopping e não pode vir à CPI”, disse.