O café da manhã realizado hoje no Blue Tree Hotel não foi apenas um ato de apoio: foi uma senha pública de como querem conduzir a sucessão no Maranhão, e como Orleans Brandão, sobrinho do governador Carlos Brandão, pode estar jogando em duas mesas.

Dois nomes para o Senado foram cravados: Pedro Lucas Fernandes e André Fufuca, ambos símbolos do centrão, que até ontem orbitavam governos de direita. A fala do presidente do partido, Antônio Rueda foi cristalina: “As duas vagas majoritárias são nossas”. Tradução: não sobra espaço para Weverton Rocha, senador que ainda vende lealdade a Lula e que imaginava ter cadeira cativa na chapa majoritária.

A situação revela um jogo silencioso: Brandão, enquanto governador, posa de aliado fiel de Lula, mas seu núcleo familiar prepara Orléans para liderar uma majoritária cada vez mais à direita, reforçada ainda mais pelo nome de Maura Jorge, favorita para compor como vice e representante do conservadorismo rural.

O que está em jogo?
A esquerda no Maranhão sonhava em eleger dois nomes alinhados ao Planalto, reforçando a bancada lulista no Senado. Agora, pode acabar com dois nomes do centrão que jamais farão oposição a um governo de direita, e não devem fidelidade ideológica alguma ao PT.
Weverton isolado: o senador, que sempre se vendeu como “ponte” entre Brandão e Lula, vê a ponte virar beco. Escanteado pela própria estrutura governista que ajudou a eleger.
Brandão joga dobrado: de um lado, posa de governista alinhado ao Planalto; do outro, abre o palanque para Rueda, Fufuca, Pedro Lucas e Maura Jorge, consolidando uma chapa que atende muito mais ao centrão do que ao projeto nacional da esquerda.

O movimento expõe um dilema: o PT e Lula aceitarão ser usados como cabo eleitoral de uma máquina estadual que, na prática, entrega o Senado ao centrão?
Weverton terá força para reagir ou vai ser o próximo a pular do barco?