Rubens Jr., indicado como vice-líder do governo Lula recebeu o portal Diário 98 com exclusividade para abordar sobre seus novos desafios.
Deputado federal Rubens Junior fala com exclusividade ao portal Diario 98

O deputado federal Rubens Pereira Júnior, indicado pelo Partidos dos Trabalhadores (PT) como vice-líder do governo na Câmara, falou ao Diário 98 sobre os desafios do governo Lula, governabilidade, articulação política e ainda os caminhos para 2024 no Maranhão. 

D98:Na última semana o senhor foi escolhido como vice-líder do governo na Câmara. No atual cenário, a base governista enfrentará uma oposição maior e mais conservadora do que em seus dois mandatos anteriores no comando do Palácio do Planalto. Qual a sua análise para os próximos ?

Rubens Jr.: Primeiro a oposição, ela é pequena, mas barulhenta. Mas ela não é tão grande assim, então, ela já tem um eco na sociedade, mas é algo minoritário. O que nós vamos procurar é justamente o diálogo com o centro para a construção de uma maioria parlamentar no plenário e nas comissões. O presidente Lula já conseguiu vencer várias votações importantes antes mesmo do início do ano legislativo. Nós conseguimos aprovar a PEC do Bolsa Família no Congresso passado, em dois turnos, com quórum qualificado, quórum constitucional tanto na Câmara quanto no Senado. No dia 8 de janeiro, a gente aprovou a intervenção federal praticamente por unanimidade e no dia 1 de fevereiro nós elegemos a Mesa Diretora, inclusive com a candidata do PT, Maria do Rosário, tendo 371 votos. Então, isso sinaliza o bom poder de diálogo que o presidente Lula tem. Nós acreditamos que nós teremos uma base parlamentar sólida para garantir a aprovação das mudanças legislativas que o presidente Lula deseja.

D98: O governo federal terá tranquilidade para governar pelos próximos quatro anos?

Rubens Jr.: Tranquilidade com emoção. A gente percebe que tem uma ala mais radical que nós pretendemos isolar e nós vamos dialogar com todos que não são radicais em defesa de temas comuns, como, por exemplo, a defesa da democracia, foi o caso da intervenção, como por exemplo, garantir a governabilidade foi o caso da PEC do Bolsa Família, como por exemplo, construções e alianças políticas, como foi a eleição da mesa. Então a gente está preparado para, em algumas matérias específicas, a gente ter, inclusive, quórum constitucional para aprovar 

D98: A sua indicação à vice-liderança do governo, apesar de ser um nome novo do PT, é fruto de seu compromisso com o campo da esquerda  ao longo dos últimos anos?

Rubens Jr.:Na verdade, eu me senti muito honrado em ter sido esse convite. Fiquei surpreso, mas aceitei e fiquei extremamente animado, porque é algo que gosto muito de fazer. Minha tarefa vai ser acompanhar a Comissão de Constituição e Justiça e acompanhar o plenário. É algo que eu tenho experiência, formação profissional e formação acadêmica. Então, tenho certeza que vou conseguir ajudar o presidente Lula a construir uma base parlamentar, a fazer a defesa do governo e fazer o convencimento das matérias. Então, a gente está preparado para jogar em três lados. E, naturalmente, toda a nossa trajetória é levada em consideração no momento de uma escolha dessa.

D98:O senhor acredita que o governo vai ter capacidade de articular uma ampla base, atraindo setores do centro que antes garantiram o governo Bolsonaro e esses mesmos setores vão garantir o governo Lula para os próximos quatro anos?

Rubens Jr.:Isso já está sendo feito, inclusive na montagem dos ministérios. Tem gente que não votou no Lula e é ministro hoje, porque o presidente Lula está dizendo isso, que essa eleição passou. Vamos olhar para frente. Isso significa que vamos apenas isolar os radicais. A gente não pactua com quem é inimigo da democracia. A gente não compactua com quem é inimigo. Adversário é normal ter e essas diferenças a gente deixa para o período eleitoral.

D98: Isso explica também a amplitude do governo em escolher vice-líderes e líderes de diferentes siglas partidárias também?

Rubens Jr.: Por isso que o governo é bem plural. Nós temos dos 15 vice-líderes, apenas três do PT, os outros e um de cada outro partido. Mas isso a gente viu também na montagem do governo. E o lado bom nunca teve um ministério com tanto maranhense, nunca teve um ministério com tanto nordestino, com tantas mulheres, com tantos negros e também com indígenas. Então, mostra essa diversidade, essa pluralidade, essa defesa da boa política que o presidente Lula tanto prega.

D98: Qual a pauta ocupa a prioridade do governo federal  para o início desta legislatura? 

Rubens Jr.: A principal pauta deste primeiro semestre, é a reforma tributária. O presidente Lula já disse que a gente tem que reformar o sistema tributário do país hoje a tributação é burra, afinal de contas ela tributa consumo e ela é regressiva, ela cobra mais do mais pobre. No Brasil, mais pobre paga proporcionalmente mais tributação do que quem tem muito. E essa lógica está errada, isso tem que ser invertido, quem tem mais tem que pagar mais e quem tem pouco tem que pagar nada. Então, essa vai ser a lógica da reforma tributária, que o que o presidente quer, ele já disse, é botar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda. Então, a matéria prioritária do primeiro semestre é a reforma tributária.

D98:Como o senhor já disse que irá compor a CCJ. Na prática qual será a maior dificuldade para gerar consenso e aprovar matérias como a reforma tributária?

Rubens Jr.: Acho que a maior dificuldade vai ser a guerra ideológica que tenta ser imposta por essa minoria barulhenta, com pautas fictícias, ancorado muito em fake news. Então, acho que o nosso maior problema é combater as fake news. Então, a minha maior preocupação é a restituição da verdade.

D98:Agora vamos falar do Maranhão, acredita que o governador Carlos Brandão já tem impresso sua identidade à frente do governo do estado? 

Rubens Jr.: Isso começou lá no governo Flávio Dino, em 2015 e é um governo voltado para maioria do povo, para a melhoria da vida de quem mais precisa, construindo uma rede de direitos de escolas dignas, de hospitais regionais, de restaurantes populares. Isso foi mantido por Brandão, então, a principal marca do Brandão é dar continuidade ao exitoso governo do Flávio Dino. Tem gente que até hoje não sabe o que mudou do Flávio Dino para o Brandão, porque é um governo de continuidade, com mudanças. Então a sociedade compreendeu que esse governo iniciado por Flávio Dino tinha que continuar e que a melhor pessoa que podia continuar esse governo era o Carlos Brandão. Por isso que ele venceu no primeiro turno.

D98: Mas nesse desafio da continuidade, o que Brandão tem que continuar de fato?

Rubens Jr: É especialmente essa rede de direitos que antes a gente não tinha no estado do Maranhão, ou seja, ampliar as escolas profissionalizantes e as escolas técnicas, como é o caso dos cinemas e as escolas em tempo integral, que antes não tinha no Maranhão, agora tem. Continuar a construção de hospitais regionais e também de policlínicas. E isso vem sendo feito. E quando o Flávio assumiu, nós tínhamos seis restaurantes populares. Quando ele deixou o governo, tinha 100, com Brandão já passou de 150. Tem que chegar em todas as 217 cidades. Então, acredito que esse é o tripé principal que deve ser mantido e vem sendo mantido pelo governador Carlos Brandão, dando continuidade àquilo que foi iniciado lá no governo Flávio Dino.

D98: O Maranhão enfrentou várias barreiras na articulação institucional durante o governo Bolsonaro, o sr. acredita que isto ficou no passado?

Rubens Jr.:O ambiente político nacional favorece ao Brandão, o que vai lhe permitir que ele faça um governo ainda melhor do que o que o Flávio Dino fez. Primeiro que ele está substituindo, sucedendo o Flávio, ele já pega um governo organizado. Segundo, que hoje ele tem três ministros de Estado, inclusive o Flávio Dino, fazendo a defesa do Maranhão lá em Brasília, que ele tem o apoio do presidente Lula. Repare que a gente está no início de fevereiro e o presidente Lula já se reuniu com todos os governadores duas vezes, uma no dia 10 de janeiro, depois do atentado e outra no final de janeiro, para pedir uma pauta de prioridades. Quando o Flávio era governador, ele só tinha perseguição por parte, especialmente do governo Bolsonaro. Brandão vai ter parceria. Isso vai permitir com que ele faça um governo ainda melhor. E é isso que a população quer.

D98:E o governador contará com o apoio da bancada do Senado também?

Rubens Jr.:Tem o apoio. Já da bancada do Senado, nós temos o apoio da senadora Eliziane, da senadora Ana Paula, que ficou no lugar do Flávio Dino. Acredito que o senador Weverton não vá fazer uma oposição raivosa, apesar de que ele ainda se mantém como oposição. Brandão  tem a maioria do apoio no Senado, ele tem a maioria do apoio da bancada federal, ele tem a maioria dos deputados estaduais e a maioria dos prefeitos. Então, ele tem as condições políticas para fazer um grande governo.

D98: A eleição da Alema evidenciou que o governador Brandão terá uma oposição muito pequena, ou nem a terá. Isso demonstra habilidade política do governador e da nova presidente da casa, a deputada Iracema ?

Rubens Jr.: É um somatório, tudo contribuiu para uma vitória bonita. Então, conta a forma de  articulação política do próprio Brandão e do seu governo. Conta o nome da Deputado Iracema que foi a deputado estadual mais votada da história do Maranhão. Ela é muito boa nessa arte de fazer política. Terá oposição lá na frente, não me ilude de que teremos unanimidade na Assembleia e  torço para que seja uma posição responsável.  O melhor foi que Brandão venceu a eleição da Assembleia sem brigar com Flávio Dino, sem precisar do Josimar e esvaziando o senador Weverton. Então, essa foi uma vitória política maiúscula que o governador teve.

D98: E os bolsonaristas eleitos na Assembleia, irão votar com o governo ?

Rubens Jr.: Eles existem porque existe base na sociedade. É uma base pequena 10, 15, 20% no máximo. Mas a gente tem que se acostumar com isso. Temos que saber diferenciar quem é o negacionista da política, o negacionismo da ciência e o negacionismo da Democracia. Com esse nós não temos diálogo, mas o cara que só votou no Bolsonaro, a gente tem que dialogar com ele. Esse cara hoje não acredita nos meios de comunicação, não acredita nos portais, não acredita na televisão, não acredita nos livros e nós temos que encontrar uma forma de dialogar com ele independente disso o governo tem que funcionar para a maioria da população.

D98: Nas eleições de 2024, a base governista terá consenso em um só nome para enfrentar o prefeito Eduardo Braide?

Rubens Jr.: Acredito que só ganharemos a eleição com uma única candidatura, porém será muito difícil essa unidade. Nós temos várias pré- candidaturas nesse momento, o que inviabiliza a unidade e que pode repetir o que aconteceu em 2020.  Nessa eleição não sou pré-candidato justamente com receio de que o erro da eleição de 2020 seja repetido. Fui candidato em 2020 para tentar ser o ponto de convergência, para evitar que tivesse o racha no nosso grupo entre Brandão e Weverton o que acabou acontecendo em 2022. Então, entendo que hoje ajudo mais sendo vice-líder do governo na Câmara dos deputados, ajudando o estado do Maranhão em Brasília do que sendo pré-candidato a prefeito da cidade de São Luís.

D98: Mas o PT tem pretensões em lançar candidato à prefeitura?

Rubens Jr.: A gente ainda não começou esse debate, mas em regra, o PT tem interesse em lançar candidaturas em todas as capitais.