Os pastores evangélicos Arilton Moura e Gilmar Santos, pivôs do escândalo do balcão de negócios do MEC (Ministério da Educação), visitaram 127 vezes o Ministério da Educação e o FNDE durante o governo Jair Bolsonaro (PL). As informações foram obtidas pelo jornal Folha de S. Paulo por intermédio da LAI (Lei de Acesso à Informação).
O caso levou o pastor Milton Ribeiro a pedir demissão do cargo de ministro. Os religiosos também estiveram outras vezes no Palácio do Planalto desde 2019 —somando 45 entradas.
Leia também: “Retirar assinatura é errado”, diz Camarão após Weverton recuar em apoio à CPI do MEC
O principal destino dos pastores foi a sede do MEC. Arilton esteve 90 vezes na pasta –o equivalente a uma vez por semana, considerando todo o período em que Ribeiro esteve no cargo.
Já o pastor Gilmar, que é chefe de Arilton, esteve 13 no ministério. Os dados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação.
A agenda oficial do MEC, porém, registra apenas 34 encontros de ao menos um dos pastores com autoridades da pasta de setembro de 2020 a 16 de fevereiro de 2022.
Arilton foi 21 vezes ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Gilmar, 3. O fundo é ligado ao MEC e responsável pelas transferências de recursos federais da educação a prefeituras.
Algumas das visitas ao FNDE e MEC dos pastores ocorreram em datas coincidentes. Já no Planalto, Arilton esteve 35 vezes e o pastor Gilmar em outras 10 ocasiões, sempre acompanhado do colega, somando 45 entradas.
Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos estão no centro do escândalo do balcão de negócios do MEC. Mesmo sem cargos no governo, os dois negociavam com prefeitos a distribuição de recursos do FNDE para obras.
Prefeitos de algumas cidades afirmaram que os pastores pediam propina para intermediar a distribuição da verba. Eles confirmaram essa versão durante audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado.
O caso ganhou novas proporções após o áudio divulgado pela Folha em que o próprio Milton Ribeiro fala em priorizar os amigos do pastor Gilmar a pedido do presidente Bolsonaro.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o então ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos.
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, diz o ministro.
O agora ex-ministro e os pastores negam qualquer irregularidade. Os três também foram procurados, mas se mantiveram em silêncio.
CPI do MEC não avançou ainda
Uma CPI para investigar as suspeitas de propina no MEC não avançou. A investigação sofreu pressão do Palácio do Planalto, que não queria ver em ano de eleição a investigação contra o presidente tomando o debate público.
Vários senadores apoiaram a medida. Alguns deles, como o maranhense Weverton Rocha, num primeiro momento disse que apoiaria a investigação, mas depois retirou o apoio à apuração.
Com informações da Folha