O vídeo divulgado pela família de Gilbson Nascimento, condenado a 13 anos de prisão pelo assassinato do empresário João Bosco no caso Tech Office, abriu uma nova e perigosa frente contra o clã Brandão. As acusações não se limitam a troca de favores ou chantagens políticas: agora, a suspeita é ainda mais grave — obstrução de justiça.

Segundo o relato, Marcus e Daniel Brandão teriam articulado, em 2022, um “salvo-conduto” político e jurídico para blindar a família de Gilbson em troca de silêncio. A proposta incluía assistência jurídica, apoio financeiro e proteção dentro da estrutura estatal, com a promessa de que “o governo tem força em todos os setores da Justiça e do Ministério Público”. Se confirmada, essa conduta pode caracterizar obstrução de justiça — um crime que atinge diretamente a integridade do sistema judiciário.

A família de Gilbson relata ainda que o silêncio foi garantido sob ameaças explícitas, como a perda de cargos e benefícios no governo e até retaliações contra parentes presos. Outro ponto delicado envolve Júnior, filho de Gilbson, que teria sido mantido em condições degradantes no presídio regional, a ponto de a Polícia Federal recolher medicamentos e enviar para perícia em Brasília. A denúncia sugere que esse sofrimento seria parte da pressão para manter a família em silêncio.

Se a obstrução for comprovada, o impacto no governo de Carlos Brandão pode ser devastador. Investigações federais podem ser abertas para apurar a extensão da influência política sobre o Judiciário e o Ministério Público. A Justiça pode determinar prisões preventivas de envolvidos, incluindo figuras de peso político. O governador pode enfrentar ações de afastamento caso seja demonstrado que usou a estrutura do Estado para blindagem pessoal e familiar. E a crise de confiança pode abalar a sustentação política do governo e respingar em aliados estratégicos.

O escândalo reacende um dilema perigoso: o Maranhão está diante de um caso de corrupção política ou de obstrução direta da Justiça? E, diante disso, uma dúvida paira sobre os corredores do poder: o governo Brandão pode sobreviver ao peso das próprias contradições, ou este é o início de uma crise capaz de derrubar o Palácio dos Leões?