A Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal (PF), revelou um esquema de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro que envolve contratos de engenharia e movimentações financeiras suspeitas de mais de R$ 1,4 bilhão. O Maranhão é um dos estados envolvidos, com desvios estimados em R$ 39,3 milhões, conforme documentos apreendidos pela PF.
No centro do esquema está o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, além dos irmãos Fabio e Alex Parente. Eles são suspeitos de manipular contratos ligados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), além de outros órgãos públicos em estados e municípios.

A investigação ganhou destaque após a apreensão de R$ 1,5 milhão em espécie, anotações e planilhas em um avião que viajava de Salvador para Brasília. Segundo a PF, o dinheiro seria parte de um esquema de propinas envolvendo contratos públicos, especialmente em São Paulo, Maranhão, Pará e Piauí.
Entre os documentos encontrados, uma planilha indicava repasses que somam R$ 170 milhões em contratos fraudulentos. A sigla “CA” encontrada nos registros, de acordo com os investigadores, faz referência a Carlos André, apontado como responsável por intermediar os repasses. Ele aparece em mensagens com Alex Parente solicitando depósitos volumosos em contas de terceiros, muitos deles realizados pela BRA Teles Ltda. ME, empresa classificada pela PF como de fachada.
A PF afirmou que a BRA Teles era usada principalmente para pagamentos de propina a servidores públicos, quando a entrega de valores em espécie não era viável. Em mensagens trocadas entre os investigados, havia menções a “encomendas” e até ao termo “robalos”, usado como código para valores ilícitos entregues pessoalmente.
A operação expôs a abrangência do esquema, que, segundo as investigações, alcançou pelo menos 12 estados e movimentou mais de R$ 824 milhões. No Maranhão, o montante identificado coloca o estado entre os maiores beneficiários do esquema.
A descoberta da Operação Overclean trouxe receio entre políticos e empresários, especialmente após as apreensões e o surgimento de provas que detalham a estrutura do esquema. A PF segue aprofundando as investigações para identificar todos os envolvidos e rastrear os valores desviados.