Apesar da insatisfação geral no Congresso com a decisão do ministro Flávio Dino, do STF, de investigar as emendas parlamentares ao Orçamento, há deputados que enxergam algo positivo nas mudanças que essas decisões judiciais estão trazendo para a organização interna da Câmara.

Para esse grupo, a intervenção do Supremo, ao questionar os bilhões em repasses que não eram transparentes, revelou uma realidade incômoda: existem dois tipos de parlamentares quando o assunto são as emendas. De um lado, os que controlam grandes fatias do dinheiro. Do outro, os que só conseguem direcionar valores bem menores.

Entre os descontentes com a forma como essas emendas foram distribuídas desde 2021, cresce a ideia de que seria mais justo, com a nova ordem do STF, equilibrar melhor os valores. Ou seja, diminuir a concentração de recursos nas mãos de poucos e distribuir mais entre todos os deputados.

Nas reuniões realizadas às pressas na semana do Natal, após a decisão de Flávio Dino, os líderes de 17 bancadas discutiram o ofício que tratava do “apadrinhamento” de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissões. Durante essas conversas, ficou claro o medo de possíveis investigações judiciais, já que a Polícia Federal também entrou no caso.

Alguns líderes chegaram a cogitar retirar suas assinaturas do documento, alegando que assinaram sem prestar muita atenção ao conteúdo, por ser um pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira. No entanto, o ofício faz menção a atas de reuniões que, na verdade, nunca aconteceram. A ideia de retirar as assinaturas acabou sendo abandonada, já que isso poderia desautorizar completamente Lira diante do STF.

Para um grupo dentro do Congresso, a solução para essa crise não está só em criticar a interferência do Judiciário em um tema que deveria ser do Legislativo. Eles também defendem que a divisão das emendas – um dos pontos centrais do polêmico “orçamento secreto” – seja mais justa, beneficiando não apenas líderes, mas também os demais parlamentares.

Com Informações de Veja.