A eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA) expôs fissuras significativas dentro do grupo governista e colocou o governador Carlos Brandão em uma posição delicada. A reeleição de Iracema Vale (PSB) pela regra de idade, após um empate com o deputado Othelino Neto (Solidariedade), evidenciou uma dissidência consolidada, e os 21 parlamentares que apoiaram Othelino enviaram um recado claro: o governo enfrenta um descontentamento que não pode ser ignorado.

Em uma manobra que desafiou as expectativas, esses 21 deputados optaram por uma dissidência que deixou Brandão em xeque. Agora, a pergunta que paira no ar é: o governo tem força para retaliar? Blogs e analistas políticos apostam que Brandão vai usar a velha cartilha de retaliação: cortar emendas, bloquear demandas nas secretarias, deixar esses “traidores” na geladeira. Mas será que o governador realmente tem condições para sustentar esse ato de força? Sem uma base forte, o governo perde poder para aprovar emendas constitucionais, projetos de maioria simples e até mesmo o orçamento estadual — aspectos fundamentais para a continuidade da gestão.

Em um cenário de desgaste nas articulações, endurecer as relações pode criar ainda mais instabilidade

As marcas das eleições municipais de 2024 ainda pesam na política maranhense. Muitos deputados, enfraquecidos pelo processo eleitoral, se sentem distantes do governo, que, em algumas situações, parece concentrado no eixo familiar. O episódio também acendeu uma luz vermelha sobre a articulação política do governo. Figuras como Rubens Pereira, Sebastião Madeira e Júnior Viana estão sendo questionadas pela classe política, que se vê cada vez mais sufocada pelas interferências do círculo familiar do governador. A influência direta de Marcus Brandão não é bem-vista, e a sensação de que o governo age mais pela ameaça do que pelo diálogo não ajuda em nada.

Para Brandão, o caminho da retaliação pode ser uma armadilha, levando-o a um isolamento político que ele dificilmente conseguirá reverter. Seria mais prudente buscar uma conciliação, reunir as peças do tabuleiro.
Com uma base insatisfeita e sem apoio majoritário na Assembleia, o governo não pode se dar ao luxo de perder mais aliados. Em vez de retaliar, Brandão poderia apostar no caminho da reconciliação, buscando realinhar-se com forças como o vice-governador Filipe Camarão e líderes dinistas, com o objetivo de reorganizar a base e projetar uma sucessão mais sólida para 2026.