Tanto o ex-presidente Lula (PL), quanto o candidato Ciro Gomes (PDT) têm diante de si uma oportunidade para desidratar a imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL): as suspeitas de corrupção e uso de dinheiro vivo para compra de imóveis que formam hoje o patrimônio da família Bolsonaro.
Não deixar uma oportunidade boa passar é importante porque pode ser a única chance que você tem de conquistar algo que sempre quis. Pode ser a oportunidade perfeita para você mudar de vida, para seguir o seu sonho ou para fazer a diferença. Numa eleição presidencial isso pode ser a chave para o seu sucesso.
Reportagem da jornalista Juliana Dal Piva, publicada no Uol desta terça-feira (30), trazem à tona novamente a suspeita de que a o clã presidencial pode ter usado dinheiro desviado de funcionários fantasmas para compra de imóveis.
Desde a década de 90, quando ingressou na política, até os dias de hoje, o presidente Jair Bolsonaro (PL), além de seus irmãos e filhos, negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram comprados total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã.
A reportagem registra que foram registrados em cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, o valor equivale hoje a R$ 25,6 milhões.
Não há nenhum problema em comprar coisas com dinheiro vivo, desde quem tenham origem lícita. O professor Fabiano Angélico, no Twitter, teceu um comentário sobre como o uso de dinheiro em espécie por pessoas politicamente expostas (Peps) podem sugerir tentativa de lavagem de dinheiro. Vale a pena conferir.
No debate presidencial da Band, ocorrido no domingo último, Jair Bolsonaro sentiu-se confortável para contrapor suspeitas de corrupção e propina na Petrobras na gestão de governos petistas. De certo o presidente não se incomodará de esclarecer as dúvidas que permeiam a multiplicação patrimonial dele e de seus familiares.
Essa é uma oportunidade para Lula e Ciro, mas também para todos os outros candidatos presidenciais.
Simone Tebet, do MDB, revelou que não estava para brincadeira e foi quem questionou Bolsonaro de forma mais incisiva, permeando diversos pontos, como o negacionismo do Presidente que agravou a gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil.
Mas porque Lula e Ciro têm essa oportunidade estratégica agora?
Primeiro porque o tema foi pouco explorado no debate e a população precisa ser esclarecida sobre esses esquemas que permeiam a trajetória política de Jair Bolsonaro.
Vale lembrar que na entrevista ao Jornal Nacional a emissora concordou em não abordar em nenhum momento essas suspeitas diante do Presidente da República.
Lula porque é líder de intenção de votos e pode ganhar a eleição em primeiro turno. Em votos válidos teria cerca de 51%. O petista, ainda, precisa sair da retranca e fazer um contraponto mais duro ao atual mandatário.
Ciro tem uma oportunidade maior.
Faltando pouco mais de um mês para o primeiro turno das eleições, se quiser chegar ao segundo turno e enfrentar Lula, cenário mais provável, Ciro deve centrar fogo em Jair Bolsonaro. O pedetista pontua hoje cerca de 9% de intenção de votos, enquanto Bolsonaro 31% em média.
Para além das suspeitas de corrupção é preciso que os candidatos escrutinem o governo Bolsonaro sobre a gestão desastrosa da pandemia, a Amazônia entregue ao crime organizado, madeireiros, garimpeiros e desmatadores; a volta da fome, os 33 milhões de brasileiros em situação de falta de alimentos, além da economia e do Pibinho.
Ou isso ou cair nas armadilhas de Bolsonaro sobre pautas de costumes, local esse que o presidente surfa sem um contraponto necessário às suas baixarias e fake news.
Ou isso ou entregar o segundo turno de bandeja para um presidente desastroso.