O ex-presidente Lula foi um dos convidados da posse de Alexandre de Moraes, em sua posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite desta terça-feira (16). Foi também o mais cortejado pelos presentes e pela imprensa. Em claro contraste com Bolsonaro, Lula fez questão de mostrar-se receptivo com um dos principais membros da Corte que será responsável pelo combate às fake news e ao discurso de ódio durante as eleições deste ano.
Dias antes da cerimônia, interlocutores das duas partes intermediaram uma espécie de “armistício” entre Moraes e Bolsonaro, que aceitou o convite para estar presente na solenidade.
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Também ficaram próximos, separados por apenas duas cadeiras, a ex-presidente Dilma Rousseff, alvo de um processo de impeachment fraudulento em 2016, e o emedebista Michel Temer, vice da petista, que assumiu o posto em seguida.
Dilma e Lula chegaram juntos e foram cumprimentados por alguns dos presentes, principalmente ministros do STF, como Cármen Lúcia e Rosa Weber, ambas indicadas à Corte durante o governo petista.
Um dos primeiros a discursar, o ministro Mauro Campbell Marques, corregedor-geral eleitoral, fez referência direta ao impeachment de Dilma, na primeira fila da posse, chamado de “momento extremo” da nossa democracia.
Pouco depois, a menção, ainda que não tão explícita, foi endereçada ao presidente Jair Bolsonaro: Campbell defendeu o sistema eleitoral, constantemente atacado pelo presidente, e frisou a “gestão transparente, auditável e proba” de todo o pleito.
O novo presidente do TSE, Alexandre de Moraes lembrou que o Brasil é a única democracia do mundo que apura e divulga resultados de eleições no mesmo dia, o que é “motivo de orgulho nacional”. Ele também mirou a desinformação e criticou a “propagação de discurso de ódio”.
Moraes avisou: “Liberdade de expressão não é liberdade de agressão ou de destruição da democracia“. As palavras são vistas como um recado claro para Bolsonaro.
O discurso de Moraes foi aplaudido várias vezes, algumas delas de pé, sobretudo nas passagens com referências mais claras à defesa do sistema eleitoral e do Estado Democrático de Direito.
No momento em que o ministrou frisou que a apuração ágil era motivo de “orgulho nacional”, por exemplo, os únicos que não bateram palmas ou se levantaram foram Jair Bolsonaro, o filho Carlos e alguns dos ministros presentes, como Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Paulo Guedes. Em outros momentos, até a primeira-dama Michelle Bolsonaro reuniu-se à comitiva no boicote minoritário aos aplausos.
Ao final, questionado pela imprensa sobre o resultado das pesquisas, Lula disse que estava esperançoso com o processo eleitoral deste ano.