Em discurso histórico no lançamento da pré-candidatura na chapa Lula-Alckmin, neste sábado (7), o ex-presidente Lula (PT) reforçou que lutará para “restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro”. Falou muito em soberania nacional, afirmando que esta foi totalmente destruída na gestão do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL). O recado aos militares permeou diversos momentos de suas falas.
Leia também: Brandão participa do lançamento da pré-candidatura de Lula à Presidência
O termo ‘soberania’ tem muito peso no discurso de Bolsonaro, mas também nos meios militares. Segundo o ex-presidente listou, vai muito além de defender as fronteiras do país e o meio ambiente, disse que soberania é a população ter direito à saúde, educação, comida no prato.
“Defender nossa soberania é defender os bancos públicos. Garantir o crédito barato a quem quer produzir e gerar empregos. Financiar obras de saneamento e a construção de casas. Apoiar a agricultura familiar e os pequenos e médios produtores rurais“, completou.
Alckmin (PSB) falou antes de Lula, num discurso forte ao defender a democracia contra os arroubos golpistas. Diz sentir-se privilegiado por ter conquistado a confiança do ex-presidente. Demonstrou grandeza com essa fala diante da militância.
Ex-governador pelo PSDB, o PT que ajuda de Alckmin para avançar. Ele terá a função de ampliar o dialogo com setores do agronegócios, evangélicos e movimentos mais aos centro político.
Soberania nacional e o recado aos militares
O último 7 de setembro ainda está fresco na memória do brasileiro, momento na qual Bolsonaro reuniu apoiadores para afirmar que não cumpriria mais decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), além de ter atacado os ministros Alexandre de Moraes e Roberto Barroso.
“Em setembro, o Brasil completa 200 anos de Independência. Mas poucas vezes a nossa independência esteve tão ameaçada. Vamos comemorar o 7 de setembro a menos de um mês das eleições, quando o Brasil terá a oportunidade de reconquistar sua soberania”, alfinetou.
O bater na tecla de defesa da democracia vem num contexto em que Bolsonaro se ancorou em usar a imagem das Forças Armadas para questionar o processo eleitoral brasileiro. Chegou até a colocar em dúvida a realização das eleições este ano.
No discurso, Lula buscou se aproximar dos brasileiros por meio de críticas à ausência de programas sociais no governo Bolsonaro, além de questões como a fome, desemprego e pobreza. Na sua fala, resgatou o país que governou e fez diversas promessas.
Mudança de conceito
Houve uma mudança conceitual importante em relação às cores. Bandeiras do Brasil estavam em diversos pontos do evento, além de terem sido exibidas por trás do presidente durante todo o seu discurso. A estratégia do PT é uma forma de ressignificar as cores do Brasil usurpadas pela campanha bolsonarista.
O discurso de Lula não se limitou ao campo da esquerda. Pelo contrário, ele fez um chamado aos homens e mulheres de todas as gerações, classes, religiões e partidos políticos para defenderem a democracia e para que o fascismo seja devolvido ao esgoto da história.
Foco na economia
Na área econômica Lula se opôs à privatização, como a venda da Eletrobras, falou de direitos trabalhistas, garantindo mais direitos aos trabalhadores. Neste ponto manda um recado à sociedade sobre a necessidade urgente de rever alguns itens da Reforma Trabalhista aprovada no governo de Michel Temer (MDB).
Quando Lula fala de economia, ele critica a queda do Brasil no ranking de maiores economias do mundo – o Brasil que já foi a sexta economia do mundo hoje ocupa a décima quarta posição. Neste ponto, o ex-presidente manteve o foco nas questões orientadas pela assessoria de falar sobre o aumento da pobreza e evitar pontos polêmicos ou casas de bananas jogadas por bolsonaristas.
Olhando pro empresariado, o recado que o ex-presidente manda é sobre a busca da estabilidade, de que a democracia é boa para todos. Falou que o país precisa de calma e tranquilidade, defendeu a legalidade e um ambiente estável e seguro para o PIB produzir.
As citações ao governo Bolsonaro passaram bastante pelas acusações de Lula do que ele chamou de “destruição do estado brasileiro”, passando por programas sociais como Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e o programa Luz Para Todos.
Lula tentará em 2022 seu terceiro mandato como presidente do Brasil. Eleito em 2002 e 2006, ele também disputou as eleições de 1989, 1994 e 1998 antes de ser eleito pela primeira vez. Em 2018, era candidato mas foi impedido de competir ao ser preso.