A nota lançada por Sérgio Moro após Ministério Público pedir que Tribunal de Contas da União declare a indisponibilidade de seus bens, poderia ser assinada por qualquer um que esteve sob sua vara durante o Reinado da República de Curitiba. Resguardadas as devidas diferenças legais e morais.
O ex-juiz da Lava Jato diz que “o cargo de procurador do TCU não pode ser utilizado para perseguições pessoais contra qualquer indivíduo” e que causou-lhe perplexidade o procurador Lucas Furtado pedir a indisponibilidade de seus bens, depois de reconhecer que o Tribunal de Contas não tem competência para fiscalizar sua relação contratual com uma empresa de consultoria privada.
Lucas Rocha Furtado é o subprocurador geral, representante do Ministério Público no Tribunal de Contas da União, que pediu o bloqueio dos bens de Sérgio Mouro. Suspeita-se que o ex-juiz e ex-ministro possa ter sonegado o fisco na elaboração de seu contrato milionário com a consultoria estaduniense Alvarez & Marsal.
O pedido do MP foi feito nos autos do processo que investiga conflito de interesses na contratação de Moro por empresa, que administra judicialmente a recuperação judicial de firmas que foram alvo da Lava Jato.
A dita perplexidade do outrora magistrado não passa de uma vã tentativa de criar miragens por quem, quando no uso, confundia a toga com a cartola – se assim chamarmos o chapéu do prestidigitador.
Após, na condição de pré-candidato a presidente, ele revelar sob pressão que recebeu um total de US$ 656 mil, o equivalente a R$ 3,537 milhões, nos 12 meses que ‘atuou’ nas pradarias ianques, Furtado realmente solicitou o arquivamento da investigação.
No entanto, ao avaliar os documentos apresentados por Moro ao TCU, o subprocurador não teve dúvidas da necessidade de apuração do caso pela Receita Federal.
“Revendo os fatos e diante dos novos elementos analisados, entendo que a possibilidade de arquivamento se torna insubsistente”, diz Lucas Furtado no pedido encaminhado ao ministro do TCU Bruno Dantas, relator do processo.
A estupefação do ex-juiz tem razão de ser na atitude do subprocurador em estar aberto à mudança de entendimento a partir da leitura atenta da documentação anexada aos autos.
Enquanto ele continua deliberando por livre convicção.
Sem a menor compreensão dos problemas, da multiplicidade e das particularidades do mundo que lhe cerca, Sérgio Moro reproduz como pré-candidato a mesma pose e arrogância dos tempos idos, vazados a jatos.
A nota repercutida com ênfase pelo Jornal Nacional não passa de uma retórica barata, própria dos demagogos e dos se dizem democratas e fazem com que a ‘democracia’ substitua o ‘patriotismo’, na frase do escritor inglês Samuel Johnson, como “o último reduto do canalha”.
Ora, dizer que já prestou todos os esclarecimentos necessários é uma tese de defesa, mas não pode ser considerada uma sentença, um resultado de averiguação.
Aliás, no pedido de bloqueio, o subprocurador afirma que há inconsistência dos documentos comprobatórios, já que não houve apresentação na íntegra dos dois contratos firmados com Moro.
Furtado estabelece uma série de providências a fim de apurar se houve alguma irregularidade com vistas a permitir que o ex-juiz pagasse menos tributo no Brasil.
O mais interessante é que em vez de contraditar as inconsistências na documentação apontada pelo MP, Moro ressalta que colocou toda a documentação à disposição da população!
Em seguida, assina o seu atestado de boa conduta para concluir e acusar o subprocurador de abuso de poder.
Diz que sua vida pública e privada é marcada pela luta contra a corrupção e pela integridade, que não tem nada a esconder. O que segundo o ex-juiz, “fica evidenciado o abuso de poder por este procurador do TCU”.
Sérgio Moro avisou que pretende representar contra Lucas Furtado nos órgãos competentes e promover ação de indenização por danos morais.
Os bons tempos estão de volta? Jornal Nacional faz defesa explícita de Moro sem sequer ouvir o TCU. O ex-juiz é claro, postou a matéria do JN na sua página no Twitter.