Marco Aurelio, Dino e Brandão
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Deputado estadual e uma das lideranças da região tocantina no Maranhão, o professor Marco Aurélio (PSB-MA) avalia, em entrevista ao Diário 98, que o aceno do governador Flávio Dino (PSB) ao seu vice, Carlos Brandão (PSDB), é um fato relevante para aglutinar o grupo em torno de um candidato único da base do governo na disputa majoritária ao Palácio dos Leões.

Aurélio analisa que a partir de agora haverá um afunilamento de candidatos. Sobre os partidos que comporão a base do ungido pelos Leões, o deputado avalia que apenas o PL estaria por enquanto fora dessas articulações. O partido é o mesmo de Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, e que recentemente filiou Jair Bolsonaro com o acordo de a agremiação não apoiar nenhum candidato ligado a opositores do presidente.

Aurélio filiou-se recentemente ao PSB e acredita que até a janela partidária de março de 2022 o partido ganhará novos quadros. Ele pontua que a possibilidade de federações partidárias, citada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como prioritária entre PT, PSB e PCdoB, poderá dar ao PSB um notável aumento de suas bancadas, tanto a nível de deputados estaduais quanto de federais. 

Diário 98 – O governador Flávio Dino indicou seu apoio ao vice-governador Carlos Brandão. O que muda agora e qual foi a repercussão na Assembleia Legislativa do Estado?

Marco Aurélio – A liderança do governador Flávio Dino, o aceno dele para uma pré-candidatura é um fato muito relevante neste momento de definições. Eu diria que um fato decisivo para o cenário de 2022. Até porque até o momento todos estavam e continuam buscando viabilizar-se. 

O governador foi reeleito com uma aliança com 16 partidos. Desses, alguns já está certo que não vem, nessa reedição, é o caso do grupo liderado pelo PL, e a gente compreende, respeita, e os demais estavam buscando entre várias pré-candidaturas essa viabilização. 

Logicamente, o grupo mais próximo ao governador, não só do ponto de vista popular, mas também das lideranças políticas, esse grupo quando percebe ‘viabilizem-se’, há ali uma preferência natural. E ao entender que tudo está dentro de um processo de construção.

Mas quando há uma definição do governador para uma pré-candidatura, automaticamente já mostram o rumo que ele vai e o mesmo grupo de lideranças passa a seguir também. Eu, por exemplo, estou no segundo mandato de deputado estadual, fui candidato a prefeito na última eleição, o segundo colocado em Imperatriz, a segunda maior cidade do estado. Eu estava aguardando uma posição política do nosso grupo. 

A decisão do governador já me trouxe a minha definição. Justamente por compreender uma decisão de grupo. Então, um dia após essa definição do governador, já houve um encontro com 22 deputados manifestando apoio ao vice-governador Brandão à sua pré-candidatura ao governo do Estado. É um fato que sozinho não se daria nesse momento. Mas é porque é um grupo que já estava junto, e automaticamente há uma relação de amizade com vários dos pré-candidatos. Então a liderança do governador Flávio Dino, assumindo uma posição, mas mantendo o diálogo para buscar avançar nessa unidade, eu acho que foi um fato fundamental para o cenário do ano que vem.

O senhor acredita que o Brandão reúne essas condições para liderar o grupo do Flávio Dino?

São sete anos de convivência ao lado do governador Flávio Dino, ajudando nessas transformações do Maranhão. 

Eu cito programas transformadores aqui no Estado, como o Escola Digna, o reforço na rede de saúde, o enfrentamento à pandemia, que antes tudo era tão incerto em nível de mundo, e o Maranhão conseguiu obter a menor taxa de mortalidade por Covid em todo o Brasil. Mesmo com as grandes diferenças sociais que o Estado tem, que poderia ser catastrófico, essa liderança, essa condução foi fundamental. Os investimentos em infraestrutura. Aqui na minha região, a criação de uma universidade, que é a UEMA Sul, que revoluciona o ensino superior. Tudo isso sendo construído e o Brandão sempre ao lado. Ajudando e também respeitando o protagonismo do governador Flávio Dino, mas sempre ali ao lado apoiando e nunca atrapalhando. Porque às vezes nessa relação de poder alguém que está ali ao lado atrapalha. Às vezes quer embaraçar, às vezes quer criar situação. 

Então esse tempo todo ele foi fundamental para mostrar uma marca, que eu acho que seja essencial nesse processo onde o governador Flávio Dino confia a sua liderança. E grande parte do grupo que caminha com ele para mostrar que este é o caminho. Mas justamente um caminho, uma palavra fundamental que foi demonstrada nesses anos é a lealdade. 

E eu acho que nesse viés da lealdade ele demonstra claramente, até porque a experiência do que vem dando certo, os desafios do pós-pandemia quando ele assumir, esperamos que seja nesse novo momento da pós-pandemia, de retomada, eu acredito nesse legado construído juntos. 

E ele também não é a pessoa que está começando hoje na política, tem uma vasta trajetória, no Executivo como secretário de várias pastas, coordenando governos no passado, como deputado federal e eu estou certo que ele tem qualidades para continuar esse trabalho que o governador Flávio Dino tem liderado no Maranhão.

Nessa reunião o próprio Flávio Dino fez um chamado para essa unidade do grupo. Na sua visão essa unidade ainda é possível? O senhor acredita na possibilidade de algum recuo desses demais candidatos?

Eu torço para que isso aconteça. É verdade que vários já começam, neste aceno do governador Flávio Dino, claramente já vão repensar sua tática.

Mas há um caso de uma pré-candidatura que é também muito forte, e que tem um grupo muito grande de partidos e já está na estrada também há muito tempo, e pela liderança, pela legitimidade, eu acho que hoje é o ponto crucial em que se espera essa unidade. Porque se houver esse consenso, sobretudo com essa pré candidatura, que tem força para tocar em frente. Mas se houver esse consenso eu creio que bem aí a gente sela a eleição sem grandes dificuldades. 

O que eu destaco é a legitimidade de cada um desses pré-candidatos. E eu acho que, se tem algo capaz de unir hoje esse grupo é a liderança do governador Flávio Dino como fiador de compromisso. Como uma pessoa que tem reforçado esse campo. Para você ter uma ideia eu venho nesse projeto, fui vereador de Imperatriz por dois anos, e testemunhei a forma que esse grupo se consolidou através do trabalho.

Foram duas eleições no primeiro turno do governador Flávio Dino. Foi a eleição da maior bancada de deputados federais, a maior bancada de deputado estadual, de todos os três senadores que o governador apoiou nesse período. Então é uma liderança inconteste, uma liderança popular e política. 

Então se tem alguém nesse momento capaz de reforçar essa aliança, sendo o fiador de compromissos, quem está numa posição muito tranquila em relação a sua eleição ao Senado. Eu acho isso muito tranquilo, o governador Flávio Dino e a eleição dele. Mas ele está pensando para além disso. Está pensando em continuar esse trabalho. E eu entendo que se for construído esse diálogo e houver esse consenso, sobretudo em relação a essa pré-candidatura que está melhor posicionada, é uma definição fundamental. E eu tenho sim a esperança que se construa a partir da liderança, do respeito e do diálogo que o governador Flávio Dino tem com todo esse grupo.

Deputado, a região tocantina tem uma presença muito forte do bolsonarismo. Como essa questão deve ser enfrentada nessa eleição que se aproxima?

A região tocantina, acentuando duas cidades, Imperatriz e Açailândia. Nessa última eleição, eu que sou do campo progressista, disputei e senti ali um ponto de dificuldade de dialogar com a cidade toda, a partir dessa divisão que tem hoje. A região tocantina é uma região muito produtiva, e daí vem muitos pecuaristas, o pessoal da agricultura, empresários, classe média, evangélicos são setores muito fortes nessa polarização.

Aprendi bastante nessa última eleição, até porque andou muito perto da gente vencer. Eu acho que o que é fundamental nesse momento, até porque o governador Flávio Dino tem uma posição muito dura e muito firme de defender as suas convicções, ele não arrodeia. Isso às vezes, para o bem ou para o mal, agrada e desagrada. Ele tem uma convicção muito firme. 

Mas aqui, por exemplo, mesmo diante de toda essa polarização que a cidade de Imperatriz, que é formada a partir de migração de gente de todo o país. Talvez por isso também o reflexo do Brasil esteja muito concentrado aqui na cidade. Eu acho que se tem algo que pode superar nesse momento é o trabalho. O governador, mesmo nesse ambiente de polarização, e ele com suas posições muito acentuadas, é muito respeitado em Imperatriz e sempre mantém aprovação de governo e pessoal muito alta por causa do trabalho.

Então, eu acho que o grupo que for apresentado, essa pré-candidatura que trará o vice-governador Brandão liderando. E ainda há algumas variáveis: se permanece no PSDB, se vai para o PSB. Eu acho que são variáveis que vão terminar de definir do ponto de vista de campo. Eu acho que ele terá discurso suficiente para ultrapassar qualquer tipo de barreira ideológica, de dificuldades do ponto de vista do trabalho que foi construído aqui na nossa região. Não há um só município da nossa região que não tenha uma marca forte do governo Flávio Dino.

O senhor recentemente anunciou a sua filiação ao PSB. Muitos deputados da base do governo têm manifestado também essa intenção de seguir o mesmo caminho. Quais são as suas perspectivas sobre o PSB no Maranhão, como o senhor está vendo esse novo momento seu e do partido?

Eu acredito plenamente que o PSB será o partido mais forte do Maranhão, a partir de agora do mês de março do próximo ano, quando se abre a janela para mudanças partidárias. Isso porque há um pensamento dentro da Assembleia, e das demais pré-candidaturas, que esse grupo se formando, a tendência é o PSB estar com a maior chapa para deputados estaduais. E essa chapa garantiria eleger cerca de 18 a 20 deputados estaduais, quase metade das vagas da Assembleia. Para deputado federal também teria condições de eleger uns três ou quatro deputados federais.

Sem falar ainda na possibilidade de federação, que foi inclusive discutida pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, colocando que o PSB, PT e PCdoB, a uma prioridade na federação. Então federado, agindo em bloco, o PSB sai muito forte, elegerá o senador. Está nessa definição, não sei como será o desfecho sobre a posição de vice-governador Brandão. Se ele muda ou não de partido, mas é o nosso pré-candidato. 

A bancada de deputado estadual que o PSB elegerá, e agora na janela partidária já haverá essa modificação. Prefeitos, vice-prefeitos, lideranças, o partido vem mesmo para ganhar força e para ter protagonismo muito forte. E isso teve um fator que foi fundamental para esse fortalecimento, que foi a filiação do governador Flávio Dino ao PSB.

Após esse último resultado tão apertado nas eleições de 2020, quais são seus planos políticos para 2024?

Eu disputaria agora a reeleição. Tenho aqui o meu amigo secretário de infraestrutura do Estado, Clayton Noleto, como um grande parceiro, será o nosso pré-candidato a deputado federal. Nós temos um grupo muito unido aqui na região tocantina. E com base nessa união o nosso objetivo é continuarmos fortalecidos como grupo, através do trabalho que a gente leva rotineiramente a toda a nossa região. E como um grupo, a gente está focado no sentido de garantir força popular e política para que a gente possa ter condições do PSB eleger o próximo prefeito de Imperatriz.

Não precisa ser eu, mas quero contribuir para que a gente possa, até porque tem outros atores, tem outras lideranças muito fortes que a gente tem reforçado para que se filiar ao PSB. Para a gente ter condição de apresentar à cidade um projeto, que na próxima eleição possa sagrar-se vencedor, mas sem desrespeitar, nesse momento, a etapa que a eleição do ano que vem. Senão a gente atropela pensando em 2024 e erra o passe de 2022.

O certo é que a gente quer continuar com esse trabalho do Governo do Estado e por isso a nossa dedicação é incontestável. Com esse apoio ao candidato, pré-candidato do grupo liderado pelo governador Flávio Dino.