Em reportagem divulgada na edição desta semana, a Revista Veja destacou o bom exemplo do Maranhão no combate à pandemia da Covid-19, expondo dados que explicam porque o programa de redução de danos implantado pelo governo de Flávio Dino (PCdoB) “não foi obra do acaso”.
Traçando um paralelo com a situação de Manaus e o desabastecimento completo da rede de saúde amazonense em meio à crise sanitária, a revista dá como certa a aposta feita pelo governo local de descentralizar o atendimento de saúde e dividir o estado em dezoito sub-regiões.
No Maranhão, com cada uma dessas áreas atendidas por ao menos um hospital administrado pelo estado, localizado a no máximo 70 quilômetros das cidades que a integram, a publicação explica que a capital São Luís sequer correu o risco de colapsar com as chegadas de pacientes do interior, como aconteceu em Manaus.
Maranhão e Alemanha
Em números, a Veja também também aponta que o Maranhão – com uma população de cerca de 7 milhões de pessoas – registrou índices de mortalidade de 105,1 mortos por 100 mil habitantes, indicador comparável ao da Alemanha e equivalente a um terço da taxa do Amazonas, o pior colocado no ranking nacional segundo esse mesmo critério.
O periódico ainda ressalta que Dino optou por transformar alguns dos hospitais de campanha em equipamentos permanentes e aplicar recursos extras do governo federal na ampliação de centros de atendimento já existentes ou na conclusão de obras em andamento, como estratégia para deter a propagação do vírus e a mortandade.
“Além da dose de sensatez na administração dos recursos, uma causa inesperada ajudou na conta: o fato de a imensa maioria das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) maranhenses pertencer à administração estadual, e não aos municípios”, diz outro trecho da reportagem, ao citar que o governo estadual acabou aderindo a rede única, pela impossibilidade das prefeituras assumirem a gestão das unidades. “Com a rede única, os médicos tinham maior controle sobre as pessoas que davam entrada nas UPAs e conseguiam acelerar as transferências para de média e alta complexidade”, diz adiante.
O efeito positivo do antibolsonarismo
A revista também cita a nota técnica divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apresentou como as medidas de distanciamento social no Maranhão se mantiveram em um nível regular e satisfatório, mesmo quando a curva de mortalidade havia decrescido ao final da primeira onda da pandemia.
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De acordo com o texto, o respeito da população às medidas sanitárias pode ser explicado por outro estudo de pesquisadores do Insper, do Ibmec e da Universidade de Toronto, ainda não revisado pelos pares: o impacto do negacionismo difundido pelo governo federal ao cruzar a porcentagem de votos que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) obteve no segundo turno da eleição de 2018 com as taxas de contaminação e mortes das cidades.
De acordo com o estudo, a conclusão foi simples: um ano após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país, os municípios que tiveram adesão mais ferrenha ao bolsonarismo computaram índices 299% maiores de casos e 415% mais mortes do que as localidades com menor apoio ao presidente.