No mesmo dia em que conseguiu mobilizar a web contra si, Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a causar polêmica durante a Cerimônia de Abertura da Semana das Comunicações ao afirmar que “já encheu o saco isso”, referindo-se ao uso de máscaras de proteção como forma de evitar a propagação da Covid-19.
Na manhã desta quarta-feira (5), durante sua fala sobre a realização de obras no país, o presidente criticou a imprensa e os jornalistas que não citam obras porque se “preocupam apenas em dizer que ele circula sem máscara”.
“Isso tudo se reflete em coisas boas para o nosso governo e nós, através da mídias sociais, que vai mostrar a ponte, a obra, e não repetir na mesma tecla ‘o presidente estava sem máscara na inauguração’. Já encheu o saco isso, pô”, disse Bolsonaro em discurso.
Tsunami de críticas
Depois de uma avalanche de críticas por manifestar pesar pela morte do ator Paulo Gustavo – que faleceu vítima da Covid-19 na noite da terça-feira – e levar as hashtags #desgraçado e #verme ao topo dos assuntos mais comentados do Twitter, Bolsonaro voltou a enfrentar mais uma onda de rejeição.
Na mesma rede, o secretário de Cidades e Desenvolvimento Urbano do Maranhão, o deputado licenciado Márcio Jerry (PCdoB), comentou mais a mais nova gafe da lista presidencial. “O Brasil é que já encheu o saco disso aí chamado Bolsonaro”.
‘Brasil está de saco cheio de você’
Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos (PSOL-SP) também afirmou que o Brasil já não tolera o presidente. “’Já encheu o saco isso’, diz o presidente do país que tem mais de 400 mil mortos. Realmente, Bolsonaro: o Brasil está de saco cheio de você! #ForaBolsonaro”, escreveu em uma postagem com mais de 13 mil curtidas.
No país da morte, fome e desemprego
Atual líder da Oposição na Câmara, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou ser ‘lamentável’ a postura do chefe de Estado.
“É lamentável que o presidente não se revolte contra tanta morte, fome, desemprego e falta de vacinas da mesma forma que se incomoda com as máscaras, uma das principais medidas de proteção contra a Covid-19”, disse o parlamentar.
‘Presidente mais criminoso da história do país’
Outros internautas aproveitaram o momento para lamentar a permanência de Jair Bolsonaro na presidência do Brasil. “’Já encheu o saco isso’ de ter o presidente mais criminoso da história do país”, disse um.
Empatia de Bolsonaro?
Outra fez questão de ressaltar a incongruência das ações do mandatário. “23h59: eu lamento a perda, me solidarizo com a família do inesquecível….; 00h: já encheu o saco isso. É a empatia por conveniência”, apontou.
‘Nunca esteve à altura do cargo’
A colunista da CBN e jornal O Globo, Flávia Oliveira, preferiu apontar a incompatibilidade de Bolsonaro com as funções que lhe cabem. “Acabou, né? Nem ele aguenta mais o peso de uma função para o qual não tem, nunca teve, estatura”, declarou, ao responder a postagem do colega Bernardo Mello Franco, na qual cita os 411 mil mortos já contabilizados pela doença no país.
Ataques à China
No mesmo evento, Bolsonaro voltou a atacar a China, atribuindo ao país a criação do vírus causador da pandemia a fim de potencializar uma suposta “guerra química”. Além de maior parceiro comercial do Brasil, a China é também o maior fornecedor de insumos de vacinas contra a doença atualmente.
“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, disse, em mais insinuação.
‘Impeachment é pouco’
Diante da postura, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) afirmou que “impeachment é pouco para o presidente”. “São 412 mil mortes, vacinação capengando e o canalha que ocupa a cadeira de presidente ataca sem fundamento algum a China, nosso principal fornecedor de matéria-prima para vacinas! Impeachment é pouco, cadeia pra Bolsonaro!”, opinou.