“Em que país o principal ministro de estado tem que tomar vacina escondido pra não melindrar o seu chefe, o presidente da República?”. Com este questionamento, o deputado licenciado e atual secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano do Maranhão, Márcio Jerry (PCdoB), resumiu a desorientação governamental sobre o uso da vacina contra a Covid-19, em meio às quase 400 mil mortes pela doença.
O comentário foi uma das muitas críticas à revelação de um áudio gravado durante encontro do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), no qual o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos admitiu ter se vacinado contra o coronavírus escondido do Planalto seguindo “orientações médicas”, mas omitido a informação para “não criar caso” com Jair Bolsonaro (sem partido).
A saia justa envolvendo o general ganhou destaque na imprensa brasileira e internacional também por ele ter afirmado que estava “pessoalmente envolvido” nos esforços para tentar “convencer o presidente” a tomar a vacina.
Vacina e o ‘país do desespero’
Pelo Twitter, o ex-presidente Lula declarou que é uma “pena que o Brasil, que já foi o país da esperança, tenha se transformado no país do desespero”. Em referência ao episódio com Ramos e a última gafe protagonizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o petista questionou os rumos do Brasil.
“Que país é esse onde um ministro vai tomar vacina escondido do presidente da República? Que país é esse em que o ministro da Economia quer que as pessoas vivam pouco pra poder consertar a economia? E ainda agride os chineses, desqualificando nosso maior parceiro comercial”, lamentou Lula.
Convocação na CPI da Covid
Líder da Minoria na Câmara, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) defendeu a convocação dos dois ministros bolsonaristas na CPI que vai investigar a omissão do governo federal no combate à pandemia da Covid-19.
“Paulo Guedes e Luiz Eduardo Ramos têm que ser convocados pela CPI da Covid. Guedes atacou a China, nosso principal fornecedor de vacinas e insumos. Ramos se humilhou ao se imunizar escondido para agradar Bolsonaro. A conduta dos ministros é mais uma prova do boicote à vacinação”, disse.
Sem citar ministro, Bolsonaro respondeu
Na quarta-feira (28), em resposta à polêmica, mas sem citar diretamente seu ministro, Bolsonaro disse que irá se vacinar contra a covid-19 “depois que o último brasileiro tomar a vacina”.