
Em mais uma prova do desespero da família Bolsonaro com a instalação da CPI da Covid-19, que investigará a omissão do governo federal no combate à pandemia, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ‘abriu fogo’ nesta terça-feira (27) contra o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), alçado ao cargo com apoio do Planalto, acusando-o de “ingratidão”.
A fala ocorreu após o democrata cumprir a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para instalar o colegiado e dar sequência à eleição da Comissão, apesar da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal tentar impedir Renan Calheiros (MDB-AL), crítico do governo, de relatar o caso. Horas depois, no entanto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) anulou a sentença.
“Entendo que houve ingratidão e falta de consideração por parte do presidente da Casa. Deveria ao menos ter nos procurado para avaliar a conveniência da CPI. No mínimo, deveria ouvir agora o (líder do governo no Congresso) Eduardo Gomes (MDB-TO) para fazer a CPI presencial. Vários passos da CPI deveriam ser presenciais. Por que não acatar essa questão de ordem e esperar todos se imunizarem? Por que essa correria? Em um momento em que todas as comissões estão paradas”, disse o filho 01 de Jair Bolsonaro.
Ameaça a senadores e processo contra Calheiros
Durante a sessão de abertura dos trabalhos da Casa desta terça, Flávio também fez ameaças aos colegas congressistas que se posicionarem contra o pai no curso das investigações da Comissão.
“Aquele parlamentar que tiver nessa CPI e quiser subir nos caixões dos quase 400 mil mortos para atacar o presidente e antecipar as eleições vai ser visto pela população. Com certeza está todo mundo de olho nisso aqui”, afirmou.
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Flávio Bolsonaro disse ainda que, em função das indicações feitas por seu bloco para a composição da comissão, defenderá que o Republicanos deixe o bloco formado ainda por MDB e Progressistas. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais líderes do Centrão e atual base aliada do Planalto no Congresso, foi um dos senadores a votar favoravelmente pela eleição de Omar Aziz (PSD-AM) para presidente da Comissão.
“Se meu nome fosse sugerido, por exemplo, é óbvio que haveria imparcialidade. Ele [Renan], como possível relator, já disse que foi omisso e incompetente, mas que na CPI vai ser imparcial. Beira o ridículo”, disparou.
Ele afirmou esperar ainda questões judiciais agora que o nome de Renan foi confirmado como o relator da CPI.
Críticas às mulheres
Ainda criando polêmica em torno dos integrantes da Comissão, Flávio chegou a afirmar que “as mulheres já foram mais respeitadas e mais indignadas” ao comentar a falta de representação feminina na Comissão e foi prontamente rebatido pela senadora maranhense Eliziane Gama (Cidadania-MA), presente na sessão.
“Não vamos admitir ironia machista contra as mulheres […] Não usamos o argumento da autoridade. Usamos a autoridade do argumento. E é isso que vamos fazer aqui nessa CPI. Nenhum homem nem aqui e nem em lugar nenhum, enquanto houver mulheres presentes, a maioria da população brasileira, vai tentar cala a voz de uma mulher. Eu não admito isso, senador Flávio, questionar nossa indignação. Nós nos indignamos diante de todos os fatos que estão postos”, disse Eliziane a Flávio.