Bolsonaro cloroquina
Cloroquina: documento mostra que Bolsonaro cita nominalmente as empresas EMS e Apsen ao pedir liberação da exportação de insumos. Foto: Reprodução

Cloroquina como política de Estado: um telegrama do Itamaraty em posse da CPI da Covid mostra a transcrição de um telefonema feito por Jair Bolsonaro ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pedindo a liberação de uma carga de 530 quilos de hidroxicloroquina para a farmacêutica EMS, do bilionário Carlos Sanchez.

Segundo um documento divulgado pelo O Globo nesta quinta (10), revela uma conversa telefônica, que aconteceu no dia 4 de abril de 2020, Bolsonaro cita textualmente que a cloroquina seria usada para combate à Covid-19 no Brasil, mesmo sem a comprovação científica da eficácia do medicamento.

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“O sucesso da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19 nos faz ter muito interesse nessa remessa indiana. Estou informado de que um carregamento de 530 quilos de sulfato de hidroxicloroquina está parado na Índia, à espera de liberação por parte do governo indiano. Esse carregamento inicial de 530 quilos é parte de uma encomenda maior, e foi comprado pela EMS”, diz Bolsonaro.

Como já é sabido em diversos estudos científicos, a cloroquina é ineficaz para a Covid-19, mesmo assim o remédio tornou-se no Brasil como política de Estado, enquanto dezenas de propostas para vacinas foram simplesmente ignoradas.

A interferência do presidente na negociação tinha sido confirmada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em seu depoimento à CPI da Covid, que tem a fabricação, a distribuição e incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada como um dos focos de sua investigação.