As denúncias de compra de votos no município de Nova Olinda do Maranhão, reveladas em uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, serão alvo de investigação pelo Ministério Público Eleitoral do Maranhão. O caso envolve o candidato Ary Menezes (PP), eleito prefeito por uma margem estreita de apenas dois votos no primeiro turno.
Eleitores afirmaram ter recebido materiais de construção em troca de votos para Ary Menezes. Ele venceu a disputa com 50,01% dos votos válidos, enquanto sua adversária, Thaymara Amorim (PL), obteve 49,99%. A diferença foi tão pequena que Thaymara chegou a comemorar a vitória quando liderava com 100 votos de vantagem com 97% das urnas apuradas.
Denúncias e Coerção de Eleitores
Conforme a legislação eleitoral brasileira, a compra de votos é crime, de acordo com o artigo 299 do Código Eleitoral. A prática inclui dar, oferecer ou receber qualquer vantagem em troca de votos, com penas que variam de multa até prisão de quatro anos. Caso seja comprovada a participação do candidato, ele pode perder o mandato e ficar inelegível por até oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa.
Nas denúncias, eleitores relataram que foram abordados pela equipe de Ary Menezes, que ofereceu materiais de construção em troca de votos. Além disso, eles relataram ameaças e represálias após as eleições. Danilo Santos, um dos denunciantes, afirmou que foi procurado antes do pleito por Ary, seu vice Ronildo da Farmácia (MDB), e Clécia Barros (Republicanos), aliada do grupo. Ele teria recebido a promessa de 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e madeira para sua casa.
“Disseram que estava tudo garantido e que eu poderia buscar os materiais no galpão no dia seguinte”, contou Danilo ao Fantástico. No entanto, ele não recebeu os itens prometidos, e após decidir mudar seu voto, sofreu retaliações. Dois dias após as eleições, um caminhão da prefeitura foi até sua casa e retirou as telhas que ele já havia recebido.
Outro caso é o da pescadora Luciane Souza Costa, que relatou que sua família foi ameaçada de morte após seu marido ter aceitado dinheiro pelo voto. Luciane gravou um vídeo em que um homem, com o número da campanha de Ary na camisa, faz ameaças à sua família por ela não ter votado no candidato. “Como eu não peguei o dinheiro, mas meu marido sim, nos ameaçaram de morte – a mim, meu marido e minhas filhas”, relatou Luciane.
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Esses relatos revelam um cenário de intimidação e coerção em Nova Olinda do Maranhão, levantando graves questões sobre a corrupção eleitoral no município. A investigação do Ministério Público Eleitoral buscará confirmar a veracidade das denúncias e responsabilizar os envolvidos. Caso confirmadas as irregularidades, o resultado da eleição pode ser afetado.
Posicionamentos dos envolvidos
Em nota, o prefeito eleito Ary Menezes afirmou que “a compra e venda de votos comprometem a democracia do pleito e devem ser investigadas pela Justiça Eleitoral”. Ele se colocou à disposição para colaborar com os esclarecimentos necessários.
O vice-prefeito eleito, Ronildo da Farmácia, também negou as acusações, garantindo que não houve troca de dinheiro por votos. “Fizemos uma campanha limpa. Posso garantir que da minha parte e da parte do Ary, não oferecemos dinheiro a ninguém”, declarou.
Já a defesa de Clélia Barros, aliada de Ary, afirmou que “Clélia não tem conhecimento sobre a captação ilícita de votos mencionada na reportagem”, ressaltando que sua cliente sempre atuou com honestidade e respeito aos princípios democráticos.
A investigação segue, e os próximos passos do Ministério Público Eleitoral deverão esclarecer se houve irregularidades que comprometeram o resultado da eleição.
*Com Informações de Fantástico