Reeleito para seu terceiro mandato de deputado federal, Rubens Pereira Jr (PT-MA) recebeu o D98 em seu gabinete, em Brasília nesta quarta-feira (5), para contar alguns dos bastidores que movimentaram a eleição no Maranhão e garantiram, numa só tacada, a vitória de Carlos Brandão (PSB) para o governo em primeiro turno, além da conquista histórica de Flávio Dino (PSB) à única vaga do Senado Federal.
Para o congressista, quem mais perdeu neste pleito foi o senador Weverton Rocha (PDT), candidato derrotado ao Palácio dos Leões. O pedetista teve uma campanha cercada de polêmicas, desde a uma vinculação direta ao bolsonarismo, além ter rompido com o grupo de Flávio Dino, no qual ele conquistou a eleição em 2018.
Weverton amargou a terceira posição na corrida ao Leões, obtendo 701 mil votos, menos que os 24% de Lahesio Bonfim (PSC), segundo colocado com 857 mil votos.
“Então, na política, cavalo de pau sempre é mal visto. Quem deu cavalo de pau nessa eleição? Todos os aliados do Weverton se lascaram. Ele acabou em terceiro lugar, um monte de gente forte lá se acabou, caíram por causa de ambição desmedida”, analisou Rubens.
Aos 38 anos de idade, advogado, Rubens Jr afirmou que ficou feliz em retomar sua base política e me confessou que por um tempo pensou em desistir da política, mas que agora sente-se revigorado para um novo mandato parlamentar.
“Eu consegui minha quinta eleição. Eu fui duas vezes deputado estadual, três vezes eleito deputado federal. São muitas vitórias com tão pouca idade, o que me deixa em um posicionamento para servir ainda mais ao povo do Maranhão”, afirmou.
Para Rubens, o segundo turno presidencial será a eleição mais importante do período democrático. “Mais importante do que as minhas próprias eleições”, disse.
D98 – O que mais surpreendeu o senhor na vitória do Brandão?
Rubens Jr – O que mais me surpreendeu é que foi um jogo anunciado. Desde o início a gente dizia: o grupo do Flávio Dino está predominantemente unido, teve uma pequena defecção. Dino e Lula são os maiores eleitores do Estado. E o governo do Flávio Dino continuou com o governo Brandão. Então a gente anunciou o que ia acontecer e o pessoal disse ‘pago pra ver’ e quebraram a cara.
O governo do Flávio foi tão bem avaliado que o povo disse assim: ‘Eu quero que continuem esse governo’. Quem tem mais condições de continuar o governo? Brandão. E foi em primeiro turno, então foi anunciado, a gente disse cada passo do que ia acontecer. A gente disse ‘o Weverton vai diminuir‘, ‘Lahesio vai crescer e vai pro segundo turno’. Cappelli escreveu tudo, ele tuitava e tudo se confirmou.
Então foi um jogo anunciado no modo do Flávio Dino de fazer política. Nós tínhamos o apoio da maioria dos prefeitos, deputados, dos partidos, governo bem avaliado. Brandão é um bom candidato, ficha limpa, com experiência. Ninguém tinha nada para falar mal do Brandão. Então foi a vitória da humildade. O trabalho em grupo.
A grande vitória do Flávio Dino é que ele teve dois milhões e duzentos mil votos de senador. Votos únicos. Porque o Weverton se gabava de ter tirado quase 2 milhões de votos, só que na eleição passada tinha dois votos no Senado. Então podia ser a primeira opção de alguém ou a segunda opção de alguém. O Flávio Dino só tinha um voto de senador e mesmo assim surpreendeu com a liderança inconteste que é.
E quem mais perde?
Weverton, o primeiro grande derrotado porque acabou em terceiro lugar.
Segundo, o grupo Sarney perdeu bastante, apesar de Roseana ter conseguido um mandato. Acho que foram os dois maiores derrotados dessa eleição. Roberto Rocha nem conta. Já é final de mandato.
E alguns caciques da política também, que saíram vagarosamente derrotados, tipo Ricardo Murad, Edinho Lobão, Waldir Maranhão, Edivaldo Júnior, para mostrar que política não se faz só.
Então, na política, cavalo de pau sempre é mal visto. Quem deu cavalo de pau nessa eleição? Todos os aliados do Weverton se lascaram. Acabou em terceiro lugar, um monte de gente forte lá se acabou tudo caíram por causa de ambição desmedida.
Qual foi o papel do vice-governador, Felipe Camarão?
O Felipe Camarão teve um papel de destaque, ajudou muito no PT. Felipe conduziu a eleição na Ilha [de São Luís] e a virada que foi decisiva para a vitória. Então o Felipe vai ter condição de ajudar bastante, tanto no segundo turno como ajudar o governo Brandão.
E sobre o cenário nacional, como o senhor analisa as eleições?
Os aliados do Bolsonaro tiveram vitórias importantes: em Minas, Rio de Janeiro, Paraná e o Tarcísio em São Paulo. Eu acho que os aliados do Bolsonaro foram melhores que os aliados do Lula. Então, nesse segundo turno, isso vai pesar.
Onde o Lula foi melhor, no Nordeste. E historicamente a abstenção aumenta no Nordeste no segundo turno. A eleição está absolutamente embolada, vai ser dividida, vai ser no detalhe.