Militante histórico e pré-candidato a deputado estadual pelo PT mostra a diferença entre ir de encontro à decisão do partido em apoiar o grupo Sarney no passado e a de apoiar do grupo Flávio Dino no presente. Ao olhar os petistas, que conseguiu catar no registro fotográfico do encontro com o senador Weverton, o que primeiro lhe veio à memória foi uma advertência de Karl Max.”Todos os fatos e persongens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa”, escreve Chico Gonçalves.
A tragédia e a farsa
Por Chico Gonçalves *
Duas coisas aprendi lendo O 18 Brumário, de Karl Max. A primeira, os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. Mas, Marx, retomando o pensamento de Hegel, adverte: todos os fatos e persongens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Foi exatamente o que me veio à memória vendo foto do encontro dos petistas (que andei catando na imagem) com o senador Weverton, pré-candidato ao Governo do Maranhão.
Em 2010, eu e centenas de outros companheiros decidimos apoiar a candidatura de Flávio Dino ao Governo do Maranhão contra a candidatura de Roseana Sarney, com o propósito de derrotar o grupo Sarney e implantar um programa de mudanças, de enfrentamento às diferentes formas de desigualdades existentes em nosso estado. Quatro anos depois, mantivemos o apoio a Flávio Dino — desta vez contra a candidatura de Edinho Lobão — , quando foi eleito pela primeira vez governador.
Hoje (20/04), reuniu com o senador Weverton um grupo de petistas liderado, entre outros, por alguns destes filiados do PT que cederam os símbolos do PT para Roseana e Edinho, filhos diletos do grupo Sarney/Lobão e por pessoas que acreditam piamente na oposição radical do senador maranhense ao bolsonarismo, embora não consigam explicar porque ele não assinou a lista da CPI do MEC. “Mistério…”, diria dona Bilú.
Esses e outros se reuniram na FETAEMA, que lançou recentemente uma carta de rompimento com o PT, para lançar agora um movimento contra a candidatura de Carlos Brandão ao governo do Estado, apoiada por Flávio Dino, contra a candidatura que já tem o apoio da ampla maioria do PT e terá Felipe Camarão como vice. Ou seja, a primeira vez é tragédia, a segunda é farsa.
Importante destacar: a tragédia é uma forma de drama, que trata dos destinos de uma sociedade. E a farsa? A farsa? É outra coisa.
* Chico Gonçalves é professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), pré-candidato a deputado estadual PT/MA; foi secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão de 2015 a abril de 2022.