Um áudio de 14 minutos que veio à tona nesta semana colocou a família Brandão, novamente no centro de uma crise política e institucional. A gravação revela conversas sobre pagamentos mensais, visitas suspeitas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA) e até articulações para tentar influenciar decisões no Judiciário.
A voz principal do diálogo seria do advogado Rodrigo Almeida, apontado como amigo próximo de Flávio Costa, também advogado e conhecido pela ligação íntima com os Brandão. Segundo a apuração, Rodrigo teria sido enviado por Flávio para intermediar a situação que envolve Gilbson, investigado pelo assassinato dentro do prédio Tech Office, em São Luís.
A conversa, além de citar diretamente o conselheiro Daniel Brandão, atual presidente do TCE, menciona ainda Marcos Brandão, irmão do governador Carlos Brandão, como responsável por repasses financeiros mensais à família de Gilbson.
O medo de exposição no TCE
Logo no início da gravação, fica clara a preocupação com as visitas da família de Gilbson ao conselheiro Daniel Brandão, no TCE. A avaliação era de que essa movimentação poderia chamar atenção da imprensa ou de opositores políticos.
Um dos interlocutores chega a recomendar: “Evita de ir no tribunal, porque também é outro tipo de exposição. É uma coisa que todo mundo fica de olho. Ainda mais quem quer derrubar”.
A sugestão foi que qualquer conversa com Daniel acontecesse em locais mais discretos e reservados, para evitar olhares externos.
Tentativa de manobra no plantão judicial
Outro trecho do áudio mostra discussões sobre como resolver a situação de Gilbson por meio do plantão judicial. A estratégia seria acionar o desembargador de plantão, identificado como pai de um homem chamado Fernando, para enquadrar o caso como urgente.
A ideia era conseguir uma decisão favorável fora do trâmite normal. Um dos trechos mais explícitos da conversa mostra isso:
“ O pai dele tá de plantão. Ele pode dizer: não, é caso de plantão. Entendeu? Vê com ele pra ver como consegue resolver isso aí”.
Ainda assim, os envolvidos demonstram receio de que a manobra pudesse se tornar muito exposta. “Quanto mais se pede pra mais gente, mais você espalha, e aí você inibe a pessoa de dar decisão”, diz a voz de Rodrigo.
O ponto mais delicado: pagamentos mensais
Por volta do minuto 13 da gravação, surge a parte mais sensível do áudio. A família de Gilbson questiona sobre a “ajuda” financeira que vinha sendo paga. Rodrigo responde de forma direta:
“Esse pagamento tá vindo de onde?”
“Do Dr. Marco. Esse é o que o Marco faz direto.”
O Dr. Marco seria Marcos Brandão, irmão do governador e figura de grande influência nos bastidores políticos do estado.
A família teria pedido que esses repasses ocorressem sempre no dia 1º de cada mês, para garantir o pagamento do aluguel e das despesas das crianças. O tom da conversa dá a entender que o dinheiro funcionava como uma espécie de mesada para manter a situação controlada e sem exposição pública.
Blindagem política e clima de ameaça
Ao longo da gravação, fica evidente a tensão dentro do grupo. Rodrigo alerta que cobranças exageradas ou pressão pública poderiam acabar gerando um rompimento e prejudicando a todos.
“Não adianta medir força, porque todo mundo perde”, diz ele em um dos trechos.
Há ainda falas que sugerem um clima de intimidação. Rodrigo chega a comentar que, em situações como essa, é comum alguém dizer: “Se acontecer alguma coisa contigo, a culpa é de fulano”. Para ele, isso serviria como um argumento que pode até justificar futuros atos de violência, caso a crise se agrave.
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EXCLUSIVO: Novo áudio revela suposta blindagem da família Brandão com repasses mensais, a suspeitos de crimes, visitas ao TCE e pressão no Judiciário