Uma das maiores manifestações da cultura popular maranhense, o Bumba Meu Boi da Maioba, está no centro de uma polêmica que tomou conta das redes sociais neste fim de semana. O motivo foi uma faixa exibida no trio elétrico do batalhão durante o tradicional evento do São Marçal, realizado todos os anos no bairro João Paulo, em São Luís.
A faixa trazia a mensagem: “Maioba apoia Orleans Brandão”, em referência ao herdeiro político de uma tradicional família que tenta se projetar no cenário eleitoral do Maranhão. A atitude não pegou bem entre brincantes, admiradores e internautas, que consideraram o gesto um desrespeito ao legado cultural do Boi.
Comentários de repúdio rapidamente se espalharam pelo X (antigo Twitter), chamando o ato de “vergonhoso”, “ridículo” e “uma mancha” para a tradição. Enquanto o Boi desfilava na Avenida São Marçal, a faixa gigantesca virou o principal assunto. “Amo a Maioba, mas essa faixa foi ridícula”, escreveu uma seguidora. Outro internauta ironizou: “Maioba vendida”, em uma montagem que viralizou. Muitos lamentaram que figuras históricas do batalhão se submetessem a esse tipo de exposição política, misturando cultura popular com campanha eleitoral.
Para alguns, o episódio explicitou uma prática antiga, mas que segue gerando incômodo: a instrumentalização de manifestações culturais por grupos políticos. “Que é ridículo a direção do Boi da Maioba babar ovo pra político é sem dúvida. Sempre foi assim”, criticou um usuário.
A repercussão negativa foi tão intensa que, em determinado momento, a faixa teria sido retirada ou coberta. “Finalmente Maioba começa a fazer suas toadas na Avenida São Marçal e a faixa onde tá escrita ‘apoio de Orleans’ ficou oculta”, ironizou outro perfil.
Em meio à polêmica, a direção do Boi da Maioba ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto. Enquanto isso, parte do público cobra mais respeito com a cultura e menos interferência política em espaços que deveriam ser de todos.
A polêmica escancara um dilema antigo: até que ponto manifestações populares podem se submeter a interesses políticos sem manchar sua história e legitimidade?
