No que parece ser um dos maiores paradoxos da política local, Marinaldo do Gesso, ex-presidente da Câmara Municipal de Grajaú e atual candidato a prefeito, faz campanha prometendo transparência e gestão responsável. Porém, o que os eleitores talvez não saibam – ou preferem ignorar – é que Marinaldo responde a um processo por improbidade administrativa, justamente por não ter implementado o Portal da Transparência enquanto ocupava a presidência da Câmara. Ironia pouca é bobagem.
O processo, que se arrasta desde 2016, acusa Marinaldo de ter violado princípios básicos da administração pública. O famoso “Portal da Transparência”, exigido por lei para que qualquer cidadão possa acompanhar as contas públicas, era mais um mito do que realidade sob sua gestão. Enquanto a população ficava no escuro sobre o destino dos recursos públicos, Marinaldo, busca o voto daqueles que ele falhou em prestar contas no passado. Caso seja condenado, ele poderá enfrentar uma pena de suspensão dos direitos políticos por até 5 anos, perda da função pública e uma multa civil.
Marinaldo está tentando se livrar do processo com a alegação de prescrição intercorrente, baseada nas novas regras da Lei de Improbidade Administrativa. Basicamente, ele quer que o tempo que ele mesmo ajudou a prolongar com sucessivas manobras legais agora o absolva das responsabilidades. É uma espécie de mágica jurídica, onde o réu se transforma de potencial condenado em candidato “limpo” – tudo dentro da legalidade, claro.
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Mas o show de horrores não para por aí. Durante o processo, Marinaldo do Gesso argumentou que o Ministério Público deveria ter consultado o portal da transparência para encontrar as informações que ele próprio deveria ter garantido que estivessem lá. Ora, o portal que nunca existiu! Se fosse uma piada, seria cômica; no entanto, é a realidade política de Grajaú, onde o candidato diz ser a nova face da gestão pública enquanto ainda precisa provar que não desviou dos seus deveres quando teve a chance de fazê-lo.
Marinaldo do Gesso se coloca como vítima. Em seus discursos, ele promete transformar Grajaú com a mesma “eficiência” que demonstrou à frente da Câmara. A única transformação palpável, no entanto, parece ser a tentativa de fazer a população esquecer o pequeno detalhe de que ele é réu em um processo por improbidade administrativa.
Resta a pergunta: é esse o tipo de “transparência” que Grajaú merece? Porque, ao que tudo indica, se depender de Marinaldo, a única coisa transparente por aqui será a promessa vazia de que ele tem as soluções para os problemas que ele mesmo ajudou a criar.
No fim, o cenário é claro. Marinaldo do Gesso quer ser prefeito, mas antes disso, deveria responder por suas ações passadas. Se ele consegue ou não escapar pelas brechas da lei, só o tempo (e as manobras jurídicas) dirão.