A operação da PF mira as fraudes no SUS e contratos irregulares da Secretaria Municipal de Saúde de Igarapé Grande, cidade chefiada por Erlânio Xavier, aliado do senador Weverton
A operação da PF mira as fraudes no SUS e contratos irregulares da Secretaria Municipal de Saúde de Igarapé Grande, cidade chefiada por Erlânio Xavier, aliado do senador Weverton

As prisões dos primeiros investigados por crimes relacionados ao orçamento secreto iniciaram nesta sexta-feira (14). Os dois presos pela Polícia Federal (PF), os irmãos Roberto e Renato Rodrigues de Lima, são suspeitos de atuar em uma ampla rede criminosa envolvendo o Sistema Único de Saúde (SUS) em municípios do Maranhão. 

Esta operação da PF mira as fraudes no SUS e contratos irregulares da Secretaria Municipal de Saúde de Igarapé Grande, cidade chefiada por Erlânio Xavier, aliado do senador Weverton.

Roberto Rodrigues de Lima e Renato Rodrigues de Lima são suspeitos de fraudar o SUS e aumentar os valores que os municípios podem receber. Eles controlam a empresa RR de Lima, que tem contratos com várias cidades maranhenses onde também foram inseridos dados superestimados de atendimentos, segundo a PF. 

Ainda segundo a investigação, no caso de Igarapé Grande, Roberto Lima solicitou no Sistema de Indicações Orçamentárias (Sindorc), do Congresso, e obteve aprovação do relator-geral do orçamento, Hugo Leal (PSD-RJ), para um repasse de 9,2 milhões de reais na área da saúde. Desse total, ao menos 4,4 milhões já caíram nos cofres do município.

A Piauí aponta que, nas planilhas oficiais do Congresso, Roberto Rodrigues de Lima aparece como solicitante de 69 milhões de reais em emendas de relator-geral do orçamento para municípios do Maranhão, só neste ano. Ele é considerado como um dos “usuários externos” que passaram a assumir solicitações de emendas do orçamento secreto, após o Congresso resolver descumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou ampla publicidade às indicações. Ou seja: a solicitação é feita por esse “usuário secreto”, mas o nome do parlamentar continua em segredo.

A PF suspeita que contratos assinados pela Secretaria de Saúde de Igarapé Grande com as empresas entre 2019 e 2021 estão repletos de “irregularidades que favoreceram diretamente as pessoas jurídicas contratadas, indicativos de crime licitatórios”. As empresas alvo da operação são a Dimensão Distribuidora de Medicamentos, a Omega Distribuidora de Medicamentos e a Central de Laudos e Serviços LTDA. A PF observou que os suspeitos adotam mecanismos para burlar a atuação dos sistemas de controle fiscal e financeiro, e que os relatórios da Secretaria da Fazenda e de Inteligência Financeira apontam “apontam indícios razoáveis de malversação de verbas públicas”. Daí a necessidade também da quebra de sigilo fiscal e bancário dos investigados, autorizada pela Justiça.

‘Farra ilimitada em Igarapé Grande’

Somente em Igarapé, o esquema teria desviado pelo menos 7 milhões de reais originados do orçamento secreto. A secretária de saúde de Igarapé Grande, Raquel Inácia Evangelista, foi afastada do cargo e é alvo de busca e apreensão junto com o antecessor no cargo, Domingos Vinícius de Araújo Santos.

Conforme revelou a  reportagem Farra ilimitada da revista Piauí, o super esquema tinha o seguinte funcionamento:  as prefeituras registravam atendimentos médicos e consultas que nunca existiram, e enchiam o cofre com dinheiro vindo de emendas parlamentares do orçamento secreto. 

O nome da operação é Quebra Ossos, faz referência a um dos tipos de exames fantasmas registrados pela prefeitura de Igarapé Grande, as radiografias de dedo de mão. Em 2020, o município, com aproximadamente 12 mil habitantes, disse que fez 12,7 mil exames do tipo – o quarto maior número entre todas as cidades do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.

da Revista Piauí.*