Ricardo Stucker Lula
Em Brasília, Lula prega a tolerância, pede para que militantes não aceitem provocações e avisa: “Quero voltar a ser presidente e estou mais exigente”. Foto: Ricardo Sckuter

No primeiro ato público do qual participou após o assassinato do líder petista Marcelo Arruda, vítima de intolerância política praticada por um bolsonarista, Lula fez um apelo para que a sociedade brasileira diga não às armas e à violência e se empenhe na reconstrução do país.

Discursando para uma multidão em um centro de convenções em Brasília, nesta terça-feira (12), Lula lembrou que participa de campanhas eleitorais desde 1982, sem nunca ter estimulado atos de violência.

“Eu voltava para casa cada vez que era derrotado, lamentava ter perdido e me preparava para outras. Nunca, em nenhum momento, falei de violência”, recordou, antes de rechaçar a ideia de que há qualquer semelhança dos apoiadores do movimento Vamos Juntos pelo Brasil e o “fanatismo” de bolsonaristas.

“Estão tentando fazer das campanhas eleitorais uma guerra. Estão tentando colocar medo na sociedade brasileira. Estão querendo dizer que tem uma polarização criminosa. E é interessante, porque o PT polariza nas campanhas para presidente desde 1994, e você não tinha sinal de violência”, discursou (assista à íntegra no vídeo a seguir).

Segundo o ex-presidente, a sociedade brasileira percebe o que está em jogo e não será enganada pela tentativa de Bolsonaro de se aproximar da família de Marcelo Arruda.

Se o Bolsonaro quiser visitar as pessoas pelas quais ele é responsável pela morte, ele vai ter que ter muita viagem, porque ele não chorou uma lágrima por 700 mil vítimas da Covid. Ele nunca se preocupou em visitar uma criança órfã, e são muitas, em visitar uma viúva, em visitar um marido que perdeu a mulher”, argumentou.

https://twitter.com/GeorgMarques/status/1547201931461926913

“Não precisamos brigar”

A hora, frisou, é de mostrar que somos diferentes, pediu Lula. Ele contou que, nas greves dos anos 1980, sempre orientou os trabalhadores a nao aceitarem provocação da polícia.

E é isso que nós temos que fazer nestes próximos três meses. Nós vamos nos multiplicar na rua, vamos continuar fazendo nossas passeatas, nossos atos públicos, mas nós vamos ter de dar uma lição de moral, que nem o Gandhi deu quando saiu em caminhada para libertar a Índia da Inglaterra

“Nós não precisamos brigar”, continuou. “A nossa arma é nossa tranquilidade, a nossa arma é o amor que temos dentro nós, nossa arma é a sede que temos de melhorar a vida do povo brasileiro”, pregou.

“Nós não temos que aceitar provocação. É essa lição de moral que nós temos que dar”, pediu, sugerindo que as pessoas passem a andar munidas de um livro. “É a resposta que a gente vai dar ao presidente que está incentivando as pessoas a comprar armas.”