Investigado pela Polícia Federal, as suspeitas que recaem sob o senador Roberto Rocha de integrar um esquema de desvio de emendas, podem tomar proporções ainda maiores do que as apontadas nas mensagens de whatsapp encontradas durante operação envolvendo Josemar de Maranhãozinho.
A Folha de São Paulo publica nesta quinta-feira uma longa matéria sobre as obras da Ceasa (central de distribuição de alimentos) e do camelódromo, apadrinhadas por Rocha, que viraram elefantes brancos em Imperatriz.
LEIA: As ligações entre Roberto Rocha e o agiota Pacovan
Os recursos são oriundos da Codevasf, órgão que o senador possui forte ingerência.
A Folha diz que “o senador bolsonarista e corregedor do Senado, Roberto Rocha (PTB-MA), utilizou um mecanismo anterior ao das emendas de relator no Congresso para canalizar verbas federais para as construções. Em uma entrevista à TV local, ele disse que as obras contavam com “100% de emendas do senador Roberto Rocha”.
Para a realização das obras da Ceasa e do camelódromo foram assinados acordos de repasse, que na linguagem técnica são chamados de termos de compromisso, entre a Codevasf e a Prefeitura de Imperatriz.
A pior condição é a da obra da Ceasa, parada há mais de um ano e meio. Atualmente é impossível chegar ao local por via terrestre. Uma cratera impede a circulação de veículos pela estrada. O mato alto barra a passagem a pé. A Folha, porém, conseguiu constatar a situação com imagens de um drone. (Foto: Adriano Vizoni)
Segundo o portal da transparência federal, as construções contam com “recurso orçamentário oriundo de crédito extraparlamentar do senador Roberto Rocha”.
Este tipo de crédito não era contabilizado na cota de emenda individual que cada parlamentar pode indicar. Desde 2020 o governo centraliza a liberação da verba de negociação política, que privilegia aliados, nas chamadas emendas de relator.
A Ceasa de Imperatriz teve o início das obras em novembro de 2019, após cerimônia de lançamento cujo registro em vídeo com o logotipo do senador continua disponível na internet.
O congressista virou alvo da Polícia Federal em inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre desvio de emendas parlamentares, mas por casos que não tratam das obras de Imperatriz.
Ao mandar investigar políticos sob a suspeita de envolvimento no desvio de recursos de emendas no Maranhão, o ministro do STF Ricardo Lewandowski incluiu Rocha entre os alvos.
O ministro se baseou em manifestação da Procuradoria-Geral da República, que defendeu a apuração após analisar informações encontradas com o grupo suspeito de operar o esquema e recuperadas pela PF.
Os investigadores analisaram trocas de mensagem via WhatsApp. Nos diálogos, um dos suspeitos enviou tabelas e anotações com valores, nomes de pessoas e de municípios maranhenses. Um dos nomes que apareceram no material foi o do corregedor do Senado.
O senador Roberto Rocha afirmou à Folha que “faz as indicações das emendas com suas destinações. Quanto à execução das obras, estas são de responsabilidade do órgão executivo Codevasf e do convenente, a prefeitura do município”.
“Cabe ao senador cobrar a celeridade para a conclusão da obra. Isto, ele tem feito”, completou.
Questionado sobre ser alvo de investigação no STF, o senador disse que “a única atualização a ser feita é a da Folha de S.Paulo, reconhecendo que o senador nada tem a ver com o objeto em causa”.
Leia a matéria completa AQUI