Por meio de licitações afrouxadas, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) tem sido um dos principais instrumentos para escoar emendas parlamentares no governo Bolsonaro. O senador Roberto Rocha, aliado do presidente, acabou relacionado no desvio de recursos federais por indicar politicamente envolvidos no esquema.
Em um esquema de troca-troca, o governo Bolsonaro entregou a estatal ao Centrão em troca de apoio político, o que aumentou os contratos na gestão Bolsonaro e expandiu seu foco e sua área de atuação.
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A verba das emendas é distribuída a deputados e senadores com base em critérios políticos e que dão sustentação ao governo no Congresso. Esse fluxo de verbas e obras ocorre por meio de uma manobra licitatória que deixa em segundo plano o planejamento, a qualidade e a fiscalização, abrindo margem para serviços precários, desvios, superfaturamentos e corrupção.
No Maranhão, o senador Roberto Rocha tem longo histórico de influência na empresa. Recentemente, Antônio Rosendo Neto Júnior que se tornou diretor da Área de Desenvolvimento e Infraestrutura da estatal graças à indicação do senador, foi citado como um dos integrantes da Lista do Bolsolão pelo site O Antagonista.
Quando Rosendo foi empossado no cargo na Codevasf, em junho de 2020, Roberto Rocha escreveu na sua conta no Instagram que ele era “meu amigo e compadre”. Rocha disse que a AD se tratava da “mais importante diretoria da Codevasf”.
De acordo com reportagem do Estadão, cerca de R$ 3 bilhões em emendas extras liberadas pelo governo federal e usadas na compra de apoio político. O dinheiro saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), órgão que controla a Codevasf e foi destinado à aquisição de tratores e equipamentos agrícolas.
Roberto Rocha vira alvo de investigação
Neste fim de semana, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu o senador maranhense Roberto Rocha (PTB) entre os alvos de um inquérito para investigar políticos sob a suspeita de envolvimento no desvio de verbas de emendas parlamentares no Maranhão.
Os investigadores analisaram trocas de mensagem via WhatsApp. Nos diálogos, um dos suspeitos enviou tabelas e anotações com valores, nomes de pessoas e de municípios maranhenses. Um dos nomes que apareceram no material foi o do corregedor do Senado.