O senador Roberto Rocha estreia no PTB revelando ou mentindo sobre um encontro com Roberto Jefferson no Rio de Janeiro, que pode levar o presidente eminência parda do partido a cumprir prisão preventiva em regime fechado.
No meio da tarde desta quinta-feira, Rocha distribuiu a nota oficial “A verdade dos Fatos”, onde na tentativa de rebater versão de que ele teria traído e tomado o PTB do prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, acabou foi complicando Roberto Jefferson.
Rocha diz no comunicado que não tomou o partido de ninguém, pois ele teria sido convidado durante almoço nesta quarta-feira, na residência do próprio Jefferson.
Em função de seu abalado estado de saúde, o ex-deputado do PTB trocou o presídio de Bangu 8 por sua residência, onde cumpre prisão domiciliar desde 24 de janeiro passado.
O ministro Alexandre de Moraes concedeu o benefício sob a condição de uso de tornozeleira eletrônica e de não receber visitas ou fazer “qualquer comunicação exterior”.
Na decisão, Moraes destacou que o “descumprimento injustificado de quaisquer dessas medidas ensejará, natural e imediatamente, o restabelecimento da prisão preventiva”.
Além da visita proibida por Moraes, o senador maranhense ainda narra que os dois, ele e o prisioneiro, mantiveram, logo após telefonar para a deputada Mical Damasceno, uma conversa de vídeo com Flávio Bolsonaro.
“Falamos os três juntos e concordamos que minha entrada no PTB seria um bom caminho para o enfrentamento dos embates eleitorais com o grupo que hoje está no poder”, diz a nota.
Três horas depois, o senador maranhense publica uma segunda nota avisando que apagou ‘A Verdade dos Fatos’, por conter “algumas falhas de informação“.
Dando a entender que não tinha lido a nota em questão, disse que essas falhas aconteceram por equívoco de sua assessoria de comunicação, “instada a dar uma resposta rápida a versões que não correspondem aos fatos”.
O interessante é que a nota equivocada que ele não leu, ressalta logo nas duas primeiras linhas, que “na política, muitas vezes, as versões se sobrepõem aos fatos. Porém vamos os fatos, pois contra fatos, não há argumentos”.
A equivocada assessoria ainda teve a petulância de mandar um duro recado ao prefeito Lahesio Bonfim, que anunciara através de vídeo que estava deixando o PTB por não esperar que o senador Rocha fosse se apoderar do partido.
“Que cada um assuma suas responsabilidades, êxitos e fracassos. É da política. Não há espaço para vitimizações”, diz a “A verdade dos Fatos”.
Roberto Jefferson estava preso em regime fechado desde agosto de 2021, a pedido da PF.
O ex-deputado foi denunciado pela Procuradoria Geral da República de incitar crimes contra as Instituições da República e seus agentes políticos. Ele também é acusado de homofobia.
Ou Roberto Rocha assume que é um mentiroso ou se revela um dedo-duro.
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Leia a nota equivocada
A VERDADE DOS FATOS
Na política, muitas vezes, as versões se sobrepõem aos fatos. Porém vamos os fatos, pois contra fatos, não há argumentos.
Nas últimas semanas vinha tratando do meu ingresso num partido, para disputar um cargo majoritário. Conversei com pelo menos sete partidos, nenhum deles era o PTB. Estava, pela disposição do presidente Bolsonaro, quase certo de ingressar no PL, o que não foi possível por contingências locais.
Desde a semana passada havia agendado um almoço com Roberto Jefferson, importante liderança do PTB, a convite dele, que queria me agradecer por o ter ajudado com algumas questões partidárias aqui em Brasília. Como eu já possuía compromissos nos outros dias, marcamos para quarta-feira.
Então, ontem, almoçamos juntos, ocasião em que ele me convidou para ingressar no PTB. Eu perguntei a ele sobre a situação do prefeito Lahesio e me foi dito que, por outras questões, a permanência dele no partido não seria viável. Na frente de Roberto Jefferson, telefonei para a deputada Mical, que me confirmou a informação.
Logo em seguida ligamos em vídeo para o senador Flavio Bolsonaro. Falamos os três juntos e concordamos que minha entrada no PTB seria um bom caminho para o enfrentamento dos embates eleitorais com o grupo que hoje está no poder.
Portanto, fui convidado para ingressar no partido. Que cada um assuma suas responsabilidades, êxitos e fracassos. É da política. Não há espaço para vitimizações. Não tomei o partido de ninguém. Muito ao contrário, quis preservar o que já era de cada um, sem determinar desde agora se saio para a disputa ao Governo ou ao Senado.
Desejo toda sorte ao prefeito Lahesio, que é um companheiro do mesmo campo político. O tempo definirá em que momento estaremos juntos, de novo.
Senador Roberto Rocha (MA)