A proximidade do processo eleitoral, Lula líder nas pesquisas e a quebra da imagem de que não há corrupção no governo Bolsonaro aceleram o processo para a troca de Milton Ribeiro do cargo. Foto: Reprodução

Já é aguardado para as próximas horas a decisão do governo Bolsonaro em estancar a sangria e promover uma troca no comando do MEC (Ministério da Educação): Milton Ribeiro pediria licença da pasta e em seu lugar assumiria o número 2 do MEC, hoje ocupado pelo secretário executivo Victor Godoy. Neste cenário, Ribeiro poderia voltar ao cargo caso a Polícia Federal conclua que ele é inocente.

Porém, o Centrão ainda articula um nome mais próximo do grupo: segundo o portal Antagonista corre por fora Garigham Amarante, hoje diretor de Ações Educacionais do FNDE e apadrinhado de Valdemar Costa Neto.

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A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar se houve favorecimento ilegal em repasses de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação (MEC), por meio de lobby de pastores evangélicos que teriam pedido propina.

Gabinete Paralelo da propina

Há duas semanas o MEC está atolado num escândalo de corrupção: cerca de dez prefeitos denunciam os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura de pedirem propina para liberar dinheiro do MEC para obras e serviços.

Em áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, Milton Ribeiro disse que era para dar prioridade aos pedidos do pastor Gilmar após pedido do presidente Jair Bolsonaro.

Um dos prefeitos denunciantes, o maranhense de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga, afirmou que o pastor Arilton Moura pediu 1 kg de ouro para conseguir a liberação de recursos no MEC para construção de creches e escolas no município.

Por que Bolsonaro resiste em demitir Ribeiro?

No Congresso, a pressão pela demissão de Milton Ribeiro é grande. O líder do PSB, deputado Bira do Pindaré (MA), afirmou que o partido ingressou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando a investigação da aplicação dos recursos do MEC pelo ministro Milton Ribeiro.

Por sua vez, o líder da Minoria, Alencar Santana Braga (PT-SP), disse que as condutas deveriam ser investigadas pela Procuradoria-Geral da União (PGR).

Nos últimos dias um grupo de assessores próximos a Bolsonaro tentaram convencer o presidente a aceitar a licença de Ribeiro, solução alternativa à demissão e no qual Bolsonaro vinha resistindo.

Mas a proximidade do processo eleitoral reforçou a necessidade de Ribeiro ser afastado, considerado tóxico até por parlamentares da bancada evangélica na Câmara. Como os deputados Marcos Feliciano e Sóstenes Cavalcante, que reforçaram a posição de afastamento do ministro.

A proximidade do processo eleitoral, Lula líder nas pesquisas e a quebra da imagem de que não há corrupção no governo Bolsonaro aceleram o processo de estanque da sangria.

Ribeiro voou de São Paulo a Brasília no sábado e à noite conversou com Bolsonaro. Na ocasião foi debatida uma saída temporária do MEC. O afastamento seria até o ministro conseguir provar sua inocência, se isso for possível.