A CPI da Covid do Senado determinou, nesta quinta-feira (7), que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, preste novo depoimento à comissão. A data da oitiva ainda será agendada. A realização do encontro com Queiroga muda a agenda do colegiado, já que os depoimentos em curso nesta quinta foram anunciados como os últimos da CPI.
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Os senadores discutem agora se a reunião com Queiroga levará a CPI a modificar a data de término que havia sido prevista para a comissão, que era o dia 20 de outubro. A expectativa dos parlamentares era fazer, nessa data, a votação do relatório final dos trabalhos do colegiado, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Outro fator que motivou a CPI a determinar a ida do ministro ao Senado foi o fato de Queiroga não ter respondido um questionário enviado para ele pela comissão. Os parlamentares demandaram ao ministro informações sobre temas como a vacinação em adolescentes, que foi suspensa e depois retomada, e sobre o plano de imunização no Brasil para o ano que vem, entre outros tópicos.
Médico relata à CPI proibição a uso de máscara
Nesta quinta a CPI da Covid recebe o médico Walter Correa de Souza Neto (foto), que trabalhou na Prevent Senior. Ele afirmou à CPI da Covid que os profissionais de saúde do plano de saúde foram proibidos de usar máscaras de proteção durante atendimento aos pacientes.
“Já tinha estourado um surto de Covid numa das unidades. Eu cheguei para trabalhar na unidade e já estavam alguns colegas já indo pra intubação, eu fiquei com medo da doença. Falei: ‘Vou pegar uma máscara”. Coloquei uma máscara N95 e fui trabalhar com a máscara N95 no consultório. A coordenadora entrou no consultório e falou: ‘Ó, você precisa tirar a máscara’. Aí eu falei: ‘Pô, mas como eu vou tirar a máscara? Pra mim é proteção. Eu não posso ficar sem máscara’”, disse Neto.
“Então, assim, a falta de autonomia é tanta que você não tem autonomia pra proteger a sua própria vida”, declarou o profissional de saúde.
Fraude em prontuário
O advogado Tadeu Frederico Andrade, paciente da Prevent Senior, disse hoje à CPI que médicos da empresa prescreveram, com base no prontuário de outra pessoa, um tratamento paliativo com morfina para aliviar o seu sofrimento até a morte.
Segundo ele, os profissionais recuaram após sua família ameaçar entrar na Justiça. Tadeu relatou que o prontuário usado como base para receitar o tratamento paliativo levava em conta comorbidades, que ele não tem.
“Nessa reunião, eles convencem, tentam convencer a minha família de que, pelo prontuário na mão, que eu tinha marcapasso, que eu tinha sérias comorbidades arteriais e que, enfim, eu tinha uma idade muito avançada. Só que esse prontuário não era meu, era de uma senhora de 75 anos. Eu não tenho marcapasso, a única coisa que eu tenho hoje é pressão alta, sempre tive pressão alta”, afirmou.
Em nota divulgada hoje, a Prevent negou que tenha começado o tratamento sem autorização da família do paciente.
“Já tornado público via imprensa, o prontuário do paciente é taxativo: uma médica sugeriu, dada a piora do paciente, a adoção de cuidados paliativos. Conversou com uma de suas filhas por volta de meio-dia do dia 30 de janeiro. No entanto, ele não foi iniciado, por discordância da família, diferentemente do que o senhor. Tadeu afirmou à CPI. Frise-se: a médica fez uma sugestão, não determinação. O paciente recebeu e continua recebendo todo o suporte necessário para superar a doença e sequelas”