O Consórcio de Governadores da Amazônia anunciou nesta sexta (16/jul) o Plano de Recuperação Verde, que pretende captar R$ 1,5 bilhão para a Economia Verde da região só este ano. Também foi anunciada a criação de uma Força Integrada, que irá combater incêndios na região. Ela irá atuar em casos de emergência, por articulação dos Corpos de Bombeiro e Polícias dos 9 estados da Amazônia Legal. Ou seja, vai funcionar nos moldes da Força Nacional de Segurança, mas sem a articulação do governo federal. Os anúncios foram feitos em Brasília pelo presidente do Consórcio, o governador do Maranhão Flávio Dino.
Mesmo destacando a importância da articulação para combater queimadas, Dino afirmou que a solução para a Amazônia só virá quando ela for fruto de políticas de desenvolvimento. “Não vamos resolver os problemas da Amazônia só com polícia. Precisamos de incentivos econômicos a outros tipos de atividades econômicas”, afirmou. “Senão vamos ficar só apagando incêndios, literalmente”.
Dino disse que há bons projetos de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, mas todos muito pontuais. “Temos projetos pilotos de bioeconomia de enorme importância, mas eles não são suficientes para uma população de 30 habitantes”, afirmou, referindo-se à população da região Amazônica.
Floresta de pé
“A floresta de pé depende de investir nas pessoas que vivem na Amazônia”, defendeu Dino durante o evento, do qual participaram representantes diplomáticos da Alemanha, Estados Unidos e França.
A opinião do governador é compartilhada pela professora da USP Laura Carvalho, que atuou como consultora do projeto PRV. “A questão climática não deve estar dissociada da questão social”, afirmou, durante o lançamento. “Precisamos de uma agenda de longo prazo em direção a uma estrutura econômica de baixa geração de carbono, com efeitos multiplicadores de geração de renda”.
“Guardem o que Flávio Dino está dizendo, o que está nascendo é uma política de Estado para a Amazônia, não de governos”, afirmou o governador do Amapá Waldez Góes. O empresário Guilherme Leal, da Natura, que também participou do evento, saudou a composição do encontro, formada por governos estaduais, estrangeiros, empresários, academia e sociedade civil. “Essa composição bem ampla mostra disposição para a cooperação radical, sem a qual não conseguiremos enfrentar o problema”.
Primeira parceria
O primeiro acordo, firmado durante o lançamento, foi com a Leaf Coalition, uma aliança internacional de empresas privadas e governos dos Estados Unidos, Noruega e Reino Unido em prol do desenvolvimento sustentável. Com o investimento do grupo, o Consórcio da Amazônia vai criar um sistema de mensuração de resultados nas políticas de preservação ambiental. A criação do sistema é o primeiro passo para os estados da região fazerem uso dos mecanismos de remuneração da preservação previstos no dispositivo 6 do Acordo de Paris sobre o clima.