Gravações revelam que o presidente Jair Bolsonaro teria integrado esquema de devolução de salários de assessores no período compreendido entre 1991 a 2018, nos mandatos de deputado federal. A apuração, os áudios e os vídeos são da coluna da jornalista Juliana Dal Piva, do Uol.
De acordo com a matéria, que dividiu a denúncia em três reportagens, o presidente não só integrava o esquema, como era quem cobrava a devolução dos salários dos assessores de seu gabinete. De acordo com Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, Bolsonaro demitiu o irmão dela porque ele não estaria cumprindo com o acordo de devolver o valor combinado.
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No áudio, Andréa revela que o irmão, André Siqueira Valle, foi exonerado do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados em 2007 por não devolver “o dinheiro certo que tinha que ser devolvido”, de cerca de 90% do salário. Andréa e André são irmãos de Ana Cristina Valle, segunda esposa de Jair e mãe de Jair Renan Bolsonaro.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’. Não sei o que deu pra ele”, diz Andrea no áudio (ouça no fim da reportagem).
Antes de ser nomeado na Câmara Federal por Jair, onde ficou entre dezembro de 2006 e outubro de 2007 na Câmara Federal, André foi funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) por dois períodos – entre agosto de 2001 e fevereiro de 2005 e de fevereiro a novembro de 2006.
Procurado pela reportagem do UOL, o advogado Frederick Wassef, que representa o presidente, negou ilegalidades, afirmou que existe uma antecipação da campanha eleitoral de 2022 e que se trata de uma “gravação. O advogado alegou que os fatos narrados por Andrea “são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes”, que “jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos”e que se trata de “gravação clandestina à qual não tenho acesso, não conheço o conteúdo e não foi feita perícia”.
Já os advogados que representam Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha emitiram nota afirmando que “gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é um expediente compatível com democracias saudáveis”. A defesa de Queiroz e de sua esposa não teriam respondido aos questionamentos da reportagem, e o advogado que defende Ana Cristina Valle e sua família, além de Guilherme Hudson, informou que seus clientes decidiram não se pronunciar.