Em entrevista realizada no último domingo (27), o deputado estadual Duarte Júnior falou ao Diário 98 sobre a possível ida ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), seus planos para o futuro e acerca do seu trabalho à frente da CPI dos combustíveis na Assembleia Legislativa do Maranhão.
Duarte Júnior é professor universitário, advogado e mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão. Foi presidente do PROCON Maranhão, do VIVA e dos PROCONs Nordeste, de 2015 a 2018.
Em 2018, Duarte foi eleito deputado estadual com 65.144 votos, conquistando a posição de deputado mais votado da história em São Luís. Nas últimas eleições municipais, em 2020, conquistou 44% dos votos no segundo turno. Segundo Duarte, o governador do Maranhão, Flávio Dino, foi um dos principais incentivadores da sua candidatura a prefeito de São Luís. “Fui candidato por orientação do governador. Afinal de contas, como ele bem disse, era o candidato escolhido pela cidade e que tinha intimidade com a cidade”, relembrou.
O deputado é considerado umas das principais lideranças jovens do estado e defende que a renovação política no Maranhão precisa continuar. “Não teria uma oportunidade se a forma de fazer política no Maranhão não tivesse mudado e só mudou com o governador Flávio Dino”, enfatizou.
Sobre os planos para o futuro, Duarte contou que pretende ser candidato a deputado federal nas próximas eleições e se filiará ao PSB. “É um partido que as bandeiras casam com aquilo que defendo, que é a garantia dos direitos daqueles que mais precisam”, declarou.
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Diário 98: Em 2018, o senhor foi eleito pelo mesmo partido do governador Flávio Dino. Neste ano, ele saiu do PCdoB para o PSB. Você anunciou a sua saída do Republicanos. Teremos um reencontro?
Duarte Jr: Na verdade, não apenas um encontro, nós nunca nos afastamos. Pelo contrário, como você destacou, fui candidato a deputado estadual pelo PCdoB na primeira vez que me candidatei e fui filiado ao partido a convite do governador Flávio Dino, a quem tive a honra de ser aluno e o privilégio de compor o governo.
Após a vitória nas urnas em 2018, já começavam a cogitar meu nome para a Prefeitura de São Luís. Por conta de uma conjuntura política, o PCdoB já tinha outro candidato que estava filiado ao partido há mais tempo que eu. Fui candidato por orientação do governador. Afinal de contas, como ele bem disse, era o candidato escolhido pela cidade e que tinha intimidade com a cidade. Por isso, me filiei ao Republicanos, partido do seu vice.
Saí do Republicanos e irei para o PSB, um partido que realmente me identifico ideologicamente. Um partido que as bandeiras casam com aquilo que defendo, que é a garantia dos direitos daqueles que mais precisam. Um partido que se posiciona nesse momento em que a política nacional se situa polarizada, onde de um lado há aqueles que não acreditam na ciência, que negam a ciência. Como professor não me vejo desse lado e sim, ao lado da ciência, da garantia de direitos em prol daqueles que mais precisam.
Diário 98: Deputado estadual mais votado de São Luís e candidato a prefeito com 44% dos votos no segundo turno. Quais os seus planos para o futuro?
Duarte Jr: Nesta semana, irei me filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), pois o partido compreende as bandeiras que defendo e me dará condições para disputar as eleições no ano que vem. No próximo ano, tenho como objetivo disputar uma vaga na Câmara Federal como deputado federal, onde acredito que vamos fazer o bom debate, combater o bom combate e continuar nessa perspectiva que nos trouxe até aqui. Defender aqueles que mais precisam, defender os consumidores, defender o Estado Democrático de Direito e trazer recursos, melhorias para o nosso Estado. Defender realmente o interesse do Maranhão e dos maranhenses.
“Sou contra esse governo, porque é um governo que prejudica o Brasil, os brasileiros. Nós precisamos de um governo que resgate a confiança das pessoas através de ações concretas, que olhe para aqueles que mais precisam, garanta direitos e programas sociais que transformem a vida das pessoas”, argumentou Duarte Jr a respeito do governo Bolsonaro.
Diário 98: Na eleição para a prefeitura de São Luís, o senhor foi chamado de bolsonarista por alguns adversários. Qual a sua opinião sobre o governo de Bolsonaro?
Duarte Jr: Na verdade, em uma campanha política precisamos fazer contraste, como os outros candidatos não tinham algo de verdade para falar sobre mim e meu trabalho, porque olhavam o trabalho que fiz no Procon e viam um trabalho bem feito, que as pessoas confiaram, testaram e acreditam. Não havia nenhum escândalo de corrupção, pelo contrário, sempre combati a corrupção. Naquele momento, por uma fatalidade, os filhos do Bolsonaro estavam filiados ao mesmo partido que eu, por isso tentaram unir meu nome ao do presidente e dos seus filhos, o que não tem absolutamente nada a ver.
Não votei, não voto! Não concordo com o que vem fazendo, um governo que não deixará nenhum legado positivo. O legado que esse governo deixa é um legado que pode tirar das pessoas a confiança na política e nos políticos, porque muitos votaram no atual presidente acreditando que ele iria fazer uma transformação. O que vemos são escândalos gravíssimos de corrupção, como por exemplo: negou 14 vezes uma vacina que iria salvar vidas e quando decidiu comprar, comprou com um valor muito mais caro e inflacionado. Sou contra esse governo, porque é um governo que prejudica o Brasil e os brasileiros. Nós precisamos de um governo que resgate a confiança das pessoas através de ações concretas, que olhe para aqueles que mais precisam, garanta direitos e programas sociais que transformem a vida das pessoas. Além disso, possa fazer com que a economia avance de forma criativa, respeitando o meio ambiente. Um governo que garanta oportunidades para todos.
“Não sou filho de político, não vim da política. Estou na política há três anos e não teria uma oportunidade se a forma de fazer política no Maranhão não tivesse mudado, isso só mudou no governo Flávio Dino”, declarou o deputado estadual mais votado em São Luís.
Diário 98: O senhor é uma das jovens lideranças lançadas na política pelo governador Flávio Dino. Como você vê este processo de renovação e como dar continuidade a este projeto em 2022?
Duarte Jr: Defendo a continuidade desse projeto porque sou fruto desse projeto. Não sou filho de político, não vim da política. Estou na política há três anos e não teria uma oportunidade se a forma de fazer política no Maranhão não tivesse mudado, isso só mudou no governo Flávio Dino. O governador não escolheu seus secretários pelo sobrenome ou por ser filho de alguém, mas escolheu pelo currículo, pela capacidade técnica e pelo histórico de trabalho. Por isso, nós temos novas lideranças, dezenas de novos gestores aprovados e comprovados. Flávio Dino trouxe essa mudança para o Maranhão e de fato é uma mudança que veio para ficar. Nós precisamos nos esforçar para que ela possa se perpetuar por mais oitos anos e que outras pessoas possam ter a oportunidade de colocar seu conhecimento em prática.
Diário 98: Qual é o melhor nome para suceder Flávio Dino?
Duarte Jr:É aquele que o povo do Maranhão escolher e com certeza irá escolher aquele que tenha um diálogo com Flávio, alguém que tem o interesse em dar continuidade naquilo que ele tem feito pelo Maranhão. Quando as pessoas se acostumam com um governo bom, um governo democrático, elas não admitem mais retrocessos. Mesmo com a crise absurda que estamos vivendo, temos avanços em todas as áreas e basta comparar a Educação no governo Dino com a das gestões anteriores. Acredito que será alguém que dialogue com o atual governo e que de fato dê continuidade a esse processo.
“Conseguimos comprovar que 64% dos postos fizeram aumentos abusivos na primeira quinzena de fevereiro. Aumentos esses, em cima de produtos comprados por um preço mais barato que ainda havia no estoque. Isso configura prática abusiva”, destacou Duarte sobre CPI dos combustíveis.
Diário 98: O senhor tem como marca a Defesa dos Direitos dos Cidadãos. Na Assembleia Legislativa, assumiu a presidência da CPI dos combustíveis. Afinal de contas, de quem é a responsabilidade pela alta dos preços dos combustíveis?
Duarte Jr: É um conjunto de fatores. Primeiro fator é essa política de preços adotada pelo governo federal desde 2017, no governo Temer. De lá pra cá, o valor do combustível aumentou muito e também há uma falta de transparência dessa atividade. Infelizmente, falta mais fiscalização e me refiro, principalmente, à Petrobras. No setor dos combustíveis conseguimos abrir a “caixa preta”, estamos caminhando para a última semana e vamos ter revelações importantes. Conseguimos comprovar que 64% dos postos fizeram aumentos abusivos na primeira quinzena de fevereiro. Aumentos esse, em cima de produtos comprados por um preço mais barato que ainda havia no estoque. Isso configura prática abusiva, de acordo o Código de Defesa do Consumidor, artigo 39, inciso V, inciso X.
Durante o depoimento do presidente do Sindicato de revendedores de combustíveis do Maranhão, ele afirmou categoricamente que caso houvesse redução do imposto sobre a gasolina no Maranhão, não teria como baixar o preço do consumidor. A redução do imposto não é repassada para o consumidor. Estou confiante que nas próximas semanas vamos conseguir apresentar um relatório conclusivo ao Ministério Público, ao Procon, à Defensoria e garantir a redução no valor do combustível.