Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (16), o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou que passou a ser alvo de “sabotagens” e “retaliações” por parte do governo Bolsonaro após mandar investigar a morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). Segundo alegou, suas pretensões presidenciais também teriam motivado perseguições políticas que resultaram em seu impeachment. Esses embates com Bolsonaro, de acordo com Witzel, resultaram inclusive em boicotes a ações do governo estadual no combate à pandemia.
“Tudo isso começou, porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle, o meu calvário e a perseguição contra mim foram inexoráveis”, acusou Witzel.
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Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram denunciados, em março de 2019, pelo Ministério Público como assassinos de Marielle e do motorista dela, Anderson Gomes. Lessa inclusive era vizinho de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra.
“Ver um presidente da República em uma live lá em Dubai acordar na madrugada para me atacar e dizer que eu estava manipulando a polícia do meu estado… Ou seja: quantos crimes de responsabilidade esse homem vai ter que cometer até que alguém pare ele?”, indagou Witzel.
Máfia na Saúde
À CPI, o ex-governador também afirmou que, após seu afastamento, as investigações sobre desvios de verbas na área da Saúde pararam. Mas os desvios na pasta continuariam até o presente momento.
“Eu corro risco de vida. A máfia da saúde tem milicianos envolvidos”. Ele sugeriu à CPI a quebra de sigilo fiscal e bancário de organizações sociais (OSs) que operam na área da saúde. E acusou o ex-secretário de Saúde Edmar Santos e o empresário Edson Torres de comandarem o esquema.
Witzel alegou que seu secretário foi surpreendido pelas investigações da Polícia Civil, que se utilizou de uma delação premiada – “pau-de-arara moderno”, segundo ele – para acusá-lo de envolvimento no esquema. Ele diz, no entanto, que as investigações não encontraram “nem um centavo” em suas contas.