Carluxo
O vereador Carlos Bolsonaro, filho 02 de Jair Bolsonaro – (Foto: Sergio Lima/AFP)

Após o gerente da Pfizer, Carlos Murillo, revelar a participação de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em reuniões sobre as tratativas de compras da vacina da Covid-19 – negadas ou ignoradas pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) –, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou um pedido de convocação para que o vereador e filho 02 do presidente compareça na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia.

Leia também: Lideranças maranhenses aumentam pressão pela saída de Bolsonaro após Pfizer confirmar negligência

Além de Carluxo, o senador sergipano pediu a presença do assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins, também citado pelo representante da Pfizer como interlocutor presente nos encontros travados com o Planalto.  

“Defendo que todos os citados pelo gerente da Pfizer como participantes das reuniões paralelas para aquisição de vacinas sejam ouvidos, inclusive o vereador Carlos Bolsonaro. Por isso estou protocolando esse requerimento”,  afirmou o senador ao jornal O Globo.  

Quando Carluxo deverá comparecer é incógnita

Apesar do consenso a respeito da necessidade de convocação do filho do mandatário, integrantes da Comissão divergem quanto ao momento em que isso será feito.

De acordo com o jornal, a avaliação de boa parte da oposição é que o momento não é o ideal por conta do alto nível de tensão já presenciado esta semana pelo depoimento do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngartem e pelo atrito envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o relator da Comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).

Depois de uma semana de depoimentos marcantes para o futuro do Planalto, para alguns senadores, a convocação de Carlos poderia ser interpretada como uma retaliação e “perseguição familiar”. O temor é que Bolsonaro volte a usar politicamente o fato para tentar “desmerecer a CPI”.

1,5 milhão de doses de vacinas sonegadas

Além de Carlos Bolsonaro e Filipe Martins, o ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten; a diretora jurídica da empresa, Shirley Meschke; e a gerente de relações governamentais Eliza Samartini, também foram porta-vozes do governo durante os encontros programados com a farmacêutica.

No depoimento da quinta-feira, Carlos Murillo confirmou que o governo brasileiro sonegou a compra de 1,5 milhão de doses de vacinas em dezembro do ano passado e ignorou outras cinco propostas feitas pela Pfizer entre agosto e novembro de 2020. No mesmo dia da revelação, o Brasil ultrapassou a macabra marca dos 430 mil mortos desde o início da pandemia.