Eduardo Pazuello
O general do Exército Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde – (Foto: Rodrigo Paiva/Getty Images)

Secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano do Maranhão, o deputado federal licenciado Márcio Jerry (PCdoB) afirmou ver uma espécie de confissão de culpa no temor do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em prestar depoimento a integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, a chamada CPI da Covid-19.

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“Por que o Pazuello tem tanto medo de falar na CPI? Porque sabe que se falar revelará crimes e ainda poder[a cometer mais o crime de mentir. Quem deve, tem medo! Simples assim”, afirmou Jerry, em uma publicação feita nesta sexta-feira (14), em seu perfil pessoal no Twitter.

Habeas corpus preventivo para Pazuello

Considerado peça fundamental para a continuidade dos trabalhos da Comissão, Pazuello deverá comparecer diante de senadores no próximo dia 19 de maio, depois de alegar contato com infectados pelo coronavírus para não comparecer em audiência marcada para último dia 5.

Alvo central da investigação, a expectativa é que ele seja questionado sobre a política de aquisição de vacinas – cuja negligência foi confirmada na quinta-feira pelo diretor da Pfizer, Carlos Murillo –, sobre o colapso de oxigênio em Manaus e sobre as políticas de comunicação do governo relacionadas ao isolamento social e uso de máscaras.

O depoimento ocorre, ainda, após a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolar, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), um habeas corpus preventivo para evitar que o general de cinco estrelas não seja preso ao ser ouvido por senadores.

No pedido enviado ao Supremo, a AGU alegou que o ex-ministro é alvo de uma investigação aberta pela Procuradoria Geral da República (PGR), e que pode se comprometer caso responda aos questionamentos dos senadores.

Pazuello foi o ministro que ocupou a pasta da Saúde por mais tempo durante a pandemia da Covid-19, após a passagem de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o cargo após uma série de divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Promessa do relator

Contrário à tentativa de defesa do militar, o relator da Comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse nesta sexta que vê a possibilidade real da prisão de Pazuello.

“É dever da Comissão zelar pela fidedignidade dos depoimentos colhidos, de modo que, se um depoente se cala ou falta com a verdade, amolda sua conduta à prevista no artigo 342 do Código Penal, não havendo alternativa senão a prisão em flagrante”, disse “Isso não significa que a mesma conduta ocorrerá no exercício do direito do depoente de não se autoincriminar.”